O jatinho particular da família Bellucci sobrevoava o território gaúcho, e eu ainda não conseguia me acostumar com a ideia de que, pelo menos tecnicamente, esta aeronave também era "minha". Annelise, por outro lado, já parecia perfeitamente confortável com a nova realidade.
— Explica para mim de novo por que você ainda paga aluguel naquele apartamento minúsculo? — perguntou ela, reclinando-se no assento de couro branco enquanto uma aeromoça lhe servia mais champanhe. — Porque sinceramente, maninha, isso aqui é... — Ela fez um gesto abrangente para a cabine luxuosa. — É outro nível.
— Anne, fala baixo — sussurrei, embora soubesse que a tripulação estava treinada para ser discretamente surda às conversas dos passageiros.
— Por quê? — Ela riu. — É a verdade. Você é praticamente dona desta coisa magnífica e age como se fosse um táxi qualquer.
— Não sou dona de nada — corrigi automaticamente. — É de Christian.
Anne revirou os olhos de forma tão exagerada que quase pude ouvir o movimento.
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