~ NICOLÒ ~
Observei Bianca em silêncio enquanto ela tentava puxar pela memória. Podia praticamente ver as engrenagens da cabeça dela se forçando para funcionar, como se ela estivesse tentando abrir uma porta trancada sem ter a chave certa.
Seus olhos ficaram distantes, focados em algo que eu não podia ver. Sua testa se franziu levemente. Seus lábios se separaram como se as palavras estivessem ali, na ponta da língua, mas não conseguissem sair.
— Acho que sim — disse ela finalmente, sua voz incerta. — Quero dizer, sei que sim. Sei que é verdade. Mas... não lembro. Faz sentido?
Fazia. Fazia todo o sentido baseado em tudo que o Doutor Marchesi tinha explicado. Não era como se a memória dela fosse voltar toda de uma vez, como acender uma luz em um quarto escuro. Era gradual. Fragmentada. Pedaços e peças que iam se encaixando lentamente até formar o quadro completo.
E claramente era um bom sinal de que ela estava caminhando para esse lugar. Para a recuperação completa.
Era melhor continuar