67. Uma Longa Noite
Tento me concentrar na terceira história que Sofia conta sobre a infância de Ettore, mas minha mente insiste em viajar mais do que deveria.
Mais especificamente, para o quarto que agora divido com meu marido.
— Era a coisa mais lindinha, Liz! — Sofia diz, rindo enquanto se serve de mais vinho. — Ele, todo pequenininho, usando umas galochas vermelhas e dizendo que ia “trabalhar com o nonno”. Não conseguia nem carregar a maleta, coitadinho!
Ela gargalha, e eu acompanho, mas é mais automático do que sincero.
Porque a imagem que minha mente pinta não é do Ettore versão mini, todo fofo e inocente.
É do Ettore que estava na minha cama há duas noites. Do Ettore que vi sair do banho pela manhã.
Sinto meu rosto esquentar com os pensamentos e tento disfarçar com um gole de vinho, mas não adianta.
— Está tudo bem, querida? — Sofia pergunta, me olhando por cima da taça.
— Tudo ótimo! — respondo rápido demais, forçando um sorriso. — Só… imaginei meu marido de galochas. Difícil de visualizar.
— Ach