217. O Amor Não é Suficiente
O silêncio que se segue é pesado. Lorenzo caminha até a janela, olhando para o mar.
— Tenho vinte e oito anos — diz, finalmente. — Matei pela primeira vez aos treze.
Sinto meu estômago revirar.
— Lorenzo…
— Era um homem que abusava da própria filha — continua, sem se virar. — Cinco anos, Aurora. Uma criança de cinco anos. Meu pai mandou resolver o problema, e eu resolvi.
— Você não precisava me contar isso.
— Precisava, sim — ele se vira para me encarar. — Porque quero que entenda que não sou um psicopata. Cada pessoa que matei… teve um motivo.
— Quantas? — pergunto, mesmo sem querer saber.
— Você realmente quer saber?
— Não — respondo rápido, balançando a cabeça. — Não quero.
O silêncio volta, denso. Lorenzo se aproxima devagar, como se eu fosse um animal assustado prestes a fugir.
— Aurora, olha para mim — pede. — Por favor.
Relutante, levanto os olhos e encaro os dele.
— O que sinto por você é real — diz. — Cada palavra que disse, cada momento que passamos