“Aurora Bianchi”

Meus pulsos estão em carne viva de tanto forçar as cordas, mas finalmente sinto uma das amarras ceder o suficiente para aliviar a dor.

Posso sentir o sangue escorrendo onde a corda cortou minha pele, mas a sensação de liberdade, mesmo parcial, é o melhor alívio que já senti na vida.

A porta se abre novamente e meu sequestrador entra, verificando o relógio com um sorriso satisfeito.

— Bem, ragazzina, parece que chegou a hora — anuncia, aproximando-se. — Vou encontrar seu namoradinho em breve.

— Ele vai acabar com você — digo, parando de mexer nas cordas para encará-lo.

— Talvez — ele dá de ombros, acendendo um charuto. — Mas não antes de conseguir o que vim buscar.

— Que é?

— Nossa ilustre convidada especial já deve estar chegando, então por que não esclarecer alguns pontos? — Ele puxa uma cadeira e se senta à minha frente. — Já que você tem pouco tempo de vida, pode saber a verdade.

— Ilustre convidada? — pergunto, franzindo a testa.

— Paciência, bambina — e