154. Uma Criatura Mitológica
Após passar horas entre organizar as compras impulsivas que fizemos e discutir sobre nomes, acordo com a boca seca e uma vontade incontrolável de… figo com queijo de cabra.
Sim, eu sei. É esquisito. Mas me dá vontade de chorar de tanta vontade que sinto.
Me viro na cama, ofegante como se tivesse acabado de correr uma maratona, e cutuco Ettore no ombro.
— Ettore… Ettore…
Ele resmunga algo que não entendo e afunda ainda mais o rosto no travesseiro.
— Amore… por favor, acorde. É sério.
— Que foi, Piccola? Está tudo bem com o bebê? — Ele se senta num pulo, os cabelos bagunçados, o olhar assustado.
— Está tudo ótimo — digo rápido, antes que ele ligue para emergência ou qualquer coisa do tipo. — Mas eu estou com desejo.
Ele pisca, tentando entender o que acabou de ouvir.
— Desejo? Que desejo?
— Figo com queijo de cabra. E mel por cima. Mel de lavanda, isso!
— Liz… são duas e vinte e três da manhã.
— E o figo não vai esperar até amanhecer — cruzo os braços, com a expr