Complexo de Israel - Segundo ato.
Complexo de Israel - Segundo ato.
Por: Mary Aguiar
Capítulo 01

Lyon...

10 dias! Foi tempo que fiquei no “pote”, a famosa solitária, em uma cela minúscula sem poder falar e ver ninguém, nem mesmo meu advogado, esse foi o presente que ganhei de aniversário depois de ter matado Camila com minhas próprias mãos e mais um crime na minha costa.

Sou liberado para voltar a minha cela e assim que vejo orelha já vou logo perguntando.

— Conseguiu falar com Fael?

— Tenho falado com ele esse tempo todo, sabia que quando você fosse liberado do “pote” seria a primeira coisa que iria me perguntar.

— Mais e aí, ela tá bem? E meu filho? Pergunto agoniado e fico mais ainda quando vejo orelha coçar a cabeça demostrando um nervoso.

— Então... Depois do que você fez com a loira gostosa, o diretor ficou em cima de geral então só consegui uma brecha para ligar pro seu parceiro na madrugada. Não acharam ela em lugar nenhum, parece que ela evaporou.

— Cara, não tem como ela ter evaporado, ela não tem ninguém.

— Ela sumiu Lyon, não ligou para as amigas, não ligou para o seu irmão, desligou o celular ou trocou de chip... Sumiu! Até um tal de Ramon está caçando ela.

Porra, onde ela foi parar? Fico pensando.

Dez dias desaparecida, com certeza ela não está mais no Rio, se tivesse Ramon já teria achado ela.

Eu fiquei muito mal com aquela notícia e me desanimei legal, passei dois dias deitado, não queria comer e devo ter perdido uns 5kg já, a galera tentava me animar, mais sem Majú meu mundo ficava em preto e branco.

Estou em meu horário de tomar sol e porra como era bom sentir o calor do sol em minha pele, vê a claridade do dia, me sentei em um banco de concreto que tinha ali no pátio e fiquei observando a galera jogando futebol.

Sinto alguém se aproximando e já fico na atividade, aqui é assim, você sempre tem que estar esperto por que a qualquer momento pode vir um e encravar alguma coisa em você, como por exemplo uma escova de dente trabalhada que vira um punhal.

— Fala aí! Já logo pergunto ao cara que parou ao meu lado, sei que ele fecha com pezão, o tal que disse que ia comer minha mulher, tenho um ódio desse cara que se eu tivesse oportunidade não perderia ela e mataria ele.

—O chefe quer conversar com você!

— Não tenho nada pra conversar com ele! Digo ainda assistindo o jogo.

— Você sabe quem é ele não sabe? Afirmo com a cabeça. — Então! Se você não for falar com ele, certamente ele aparecerá na sua cela no horário que você estiver dormindo.

Depois dessa simples e maravilhosa ameaça resolvo ir até ele em sua ala.

— Diz aí pezão, o que de tão importante a vossa senhoria quer falar comigo? Debocho.

— Vou fingir não ter ouvido seu deboche Lyon, vou direto ao ponto. Ele olha para os lados e se aproxima de mim. — Chegou ao meu conhecimento que você planeja fugir, quero sair nessa fuga!

Não fiquei nem 5 minutos conversando com pezão, depois de não ter escolha e ser obrigado a aceitar levar ele comigo nessa fuga, volto pra minha cela no ódio puro.

Passo pelo meio das camas, e sou observado pelos caras, vou até o final da cela e começo a socar a parede, em cada soco que dou o som que sai da minha boca é de ódio, minha mão começa a sangrar mais nenhum desses fofoqueiros filho da puta diz alguma coisa.

— Quem foi o arrombado que abriu a boca para o pezão? Pergunto já me virando em direção a eles.

— Eu não fui, não falei com ninguém! Diz  orelha enquanto todos os outros foram falando a mesma coisa.

— Ahhhh, agora aquele arrombado tem bola de cristal neh? Alguém aqui abriu o bico, quem foi porra? Grito.

— Lyon, aqui o povo vive nas espreitas qualquer vacilo nosso tem um ouvindo. Diz Xaropinho.

— Cara, você precisa de um médico. Sua mão tá sangrando! Desta vez é Olho de vidro que se pronuncia.

Minha mão tá pingando de sangue e não duvido nada que tenha fraturado algum osso já que a dor começa a aparecer, mais meu sangue tá tão quente que isso não é nada pra mim.

— Pezão vai ter que ir com a gente e se mais alguém souber dessa fuga vou ter que cancela-la. Não tenho como levar a penitenciária toda! Digo saindo dali puto e indo até a enfermeira.

Assim que chego na ala hospitalar da prisão aviso um agente que preciso que o médico dê uma olhada na minha mão, ele olha para a mesma e entra na ala, volta algum tempo depois e libera minha entrada.

Assim que entro na sala reparo cada canto do local, em questão de segundos eu já conheço cada canto dali, vejo que na verdade não é um dr e sim uma dra, ela me observa entrar e assim que paro na sua frente já estico a mão para que ela veja.

— O que tú aprontou aí? Enfim ela fala alguma coisa.

— Digamos que eu me estressei demais e para não voltar para o “pote” resolvi socar a parede. 

Ela segura minha mão e olha com cuidado, pega alguns produtos e começa a limpar o local que está com muito sangue.

— Vamos precisar de uma radiografia pra vê se não quebrou nada, qual seu nome e ala que está? Ela pergunta anotando em uma prancheta o que digo.

— Ok dra... Dou um pausa esperando ela dizer seu nome.

— Dra Hellen. Ela completa.

Dra Hellen aparentava ter aproximadamente 26 anos, era morena e magra, ela era bonita, passo todas as informações solicitadas.

O RX foi feito e realmente havia uma fratura, ela imobilizou e no final me liberou com algumas instruções.

— Não pode fazer esforço com essa mão Daniel, você deve ficar com isso por 4 semanas e toda semana quero você aqui para irmos acompanhando a fratura, ok?

— Claro dra, será um prazer poder vê-la toda semana. Digo com um sorriso no rosto sacana e ela fica extremamente sem graça.

Não me julguem por flertar com ela, eu tenho um motivo e sim, eu amo a Majú e não desisti dela, mais preciso de tempo para saber o que fazer em relação a ela e de aliados para sair daqui.

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