Prenderam-na sem deixá-la falar, tal a revolta que sentiram e com a má reputação que Drucila plantou sobre a irmã, não lhe deram a chance de se defender.
Saulo reuniu os anciãos, uma semana depois da prisão e depois de ouvirem a narrativa do responsável pela investigação, perguntou: — O que acham do caso? — Já ouviram a menina? — perguntou o mais antigo e sábio. A Luna, que estava presente, narrou o que sabia sobre o comportamento da acusada, contado por sua irmã. — Por este comportamento, creio que ela foi capaz, sim, de fazer o que fez. Saulo lembrou do encontro das duas irmãs e interviu: — Ela se diz inocente, que nem sabia que seus pais haviam retornado, mas era a única que estava em casa. Como sabem, seu irmão Lucas está morando no alojamento e Drucila é minha concubina e mora aqui. — Fica difícil de considerá-la inocente, com as provas apontando para ela. — disse outro ancião. — O que sugerem? — Ela ainda não é adulta e sua loba não acordou, sugiro esperarmos até que atinja a maioridade e já tenha sua loba, para a julgarmos. Talvez o tempo a faça confessar. — disse o mais velho. A Luna não gostou de manter aquela praga, viva, mas aceitou, pois não tinha voz ativa na assembleia e assim, todos votaram aprovando a sugestão. — Então, está decidido, ela permanecerá presa e cuidada até sua loba sair e faremos o julgamento. Até lá, ordeno que investiguem mais. Quero saber a origem do veneno e se realmente não entrou mais ninguém na casa. — Sim, Alfa. Saulo, Alfa da Alcateia Ancestral, estava desgostoso com a situação da caçula de seu Beta Solomon, falecido. Conhecia bem a família e sabia do carinho que nutriam pela caçula. Chegou a vê-la, várias vezes, na floresta, treinando com o pai e a achava linda e muito doce. Foi para a floresta e deixou Soul sair e correr, quando pararam, no alto do morro, conversaram. — O que acha dessa situação, Soul? — Aquela pequena fêmea não me pareceu ter um gênio ruim, ao contrário de sua irmã. Aliás, estou pegando nojo dela. Sua loba é muito arrogante. — Mas bem que você gosta de nossas transas. — Só porque ela parece saber bem como nos agradar, mas já está batida. — Também acho, mas voltando à irmã, o que acontecerá com ela, depois de passar um ano presa? — É difícil prever, mais difícil ainda será dar uma sentença. Por quê não fazemos uma investigação nós mesmos? — Boa ideia, vamos até a casa. Correram novamente e quando se aproximaram da casa, pararam. Já haviam passado oito dias e para os lobos comuns, não havia mais vestígios, mas para eles, que são Alfas, ainda era bem perceptível o aroma adocicado e enjoativo de Drucila. — Será que foi ela? — perguntou Soul. — Não posso acreditar, talvez seja só por que ela mora aqui perto. As histórias que ela conta sobre a irmã são terríveis, mas seria o contrário. Não seria estranho, já ouvi histórias de fêmeas ciumentas e invejosas, que denigrem a imagem de outras. — Sinto cheiro de acônito junto com o perfume de Drucila e olha essas pegadas. Esse caminho leva ao castelo. — Será que estou dormindo com o capeta? O som de uma risada ecoou na mente de Saulo, mas por fora não se via a diversão do lobo. — Espero que, de hoje em diante, você não durma mais com ela. — Não o farei. Vamos até a casa. Entraram na casa e Saulo assumiu, pois o lobo era muito grande e mal passava pela porta. Encontraram seu beta Leonel, dentro da casa. — Investigando, Leonel? — Sim, Alfa. Algo nessa história está muito mal contado. — O que, por exemplo? — Larissa ainda é muito jovem e não lhe é permitido o acesso a venenos. Além disso, as digitais no copo estão ao contrário, como se ela pegasse no copo virado para baixo. — Nesse caso, teriam mais digitais, o que prova que outra pessoa a fez segurar o copo. Encontrou algum vestígio da embalagem do veneno? — Apenas um saquinho no chão com um resquício de pó. — Verifique se tem digital ou DNA e se o conteúdo é acônito. — Sim. O investimento naquele laboratório está valendo a pena. — Pois é, embora, a princípio, fosse para investigar os venenos utilizados por nossos inimigos, ele serve para muitas coisas. Andaram pela casa, procurando mais algumas coisas e perceberam que o casal não tinha sequer desfeito as malas. — Talvez, Larissa tenha dito a verdade sobre não ter visto os pais chegarem. Eu soube que chegaram bem tarde. — disse o Alfa, lembrando da conversa das irmãs. — Se não foi ela quem fez, o responsável planejou tudo muito bem. Na mente de Saulo, tudo se encaixava e só havia uma pessoa, responsável pela morte dos pais: Drucila. — Quero que verifique uma última coisa, se o guarda do portão no dia em que o casal voltou, contou a alguém de seu regresso. — Está desconfiando de alguém específico, Alfa? — É melhor manter sigilo, não conte sobre isso a ninguém. Vou manter a versão atual ou o estrago será muito grande. — Com certeza, Alfa. Os dois deixaram a casa e Soul assumiu e correu pela floresta até chegar em casa. Solon entrou e foi direto para o quarto, aproveitando que era madrugada e ninguém estava andando pela casa, estava nu e tomou um susto ao ver do Drucila deitada em sua cama. — Saia, agora! — falou irritado, mas sem gritar, para não acordar sua mãe. — Eu estava te esperando, meu amor. Sei que anda estressado e vim lhe aliviar. Andando para o banheiro, Ele ordenou novamente: — Saia! Não te quero aqui nunca mais. Levantando-se ela, também nua, correu até ele, abraçando sua cintura por trás. Ele, que já estava com nojo dela, virou-se e segurou-a pelo pescoço, arrastando-a até a porta e a jogando no corredor. — Se não quiser sair daqui aos pedaços, não apareça mais na minha frente.