Fiquei tão espantada que demorei a assimilar a presença dele e dizer:
- O que está fazendo aqui?
Ele continuou ali, com os braços cruzados atrás da cabeça, confortavelmente, os sapatos no chão, ao lado da cama.
- Vocês demoraram, meninas.
- Saia agora da minha cama. Como entrou aqui?
- Pela porta.
- Você... Não tem este direito. Este apartamento é meu. Isso é invasão de domicílio.
- Me denuncie – ele deu de ombros – Quer que a leve de carro para fazer um boletim de ocorrência? Posso lhe cobrar um valor mais baixo, juro.
- Seu... Canalha. Saia da minha cama ou vou gritar por socorro.
Ele levantou vagarosamente, um meio sorriso nos lábios, parecendo pouco se importar com as minhas ameaças:
- Quando você vai contar para Heitor a verdade?
- Você... Você leu os diários. Eu sabia. Onde estão? Quero de volta, agora. Não pode pegar algo que não lhe pertence. Você não tem este direito. – Fui na direção dele, prestes a agredi-lo, me contendo por conta de Maria Lua, que estava ainda no meu colo.