A cruzada contra Alice (II)

- Sua cara está péssima! – Ouvi a voz de Arlo, que chegava em casa.

- Se acha que a minha cara está péssima, imagine a minha mente. Às vezes parece que estou vivendo num filme de terror... literalmente.

Ele sentou-se ao meu lado. Se fosse há um tempo atrás eu daria uma bundada para o lado. Mas conforme o passar dos meses, percebi que Arlo era um amigo de verdade e não tinha segundas intenções comigo.

Arlo gostava de homens, mas também se envolvia com mulheres. Aconteceu que eu entendia perfeitamente a sua relação com o sexo oposto: fingir que não era gay. Por algum motivo, que eu desconhecia, ele queria passar a imagem de “pegador”. E por isto os homens com os quais ele se relacionava ficavam escondidos enquanto as mulheres eram expostas publicamente.

Enfim, eu achava aquilo triste. Mas a decisão era dele. E Arlo foi assim a vida inteira, segundo me contou.

- O que houve? – Ele perguntou.

- Estou sem trabalho. O que tenho conseguido mal dá para me manter. E ainda tenho a porra daquele
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