Pegamos o vôo pouco depois do amanhecer, Gabo estava sentado de frente para mim, ele usava uma camisa social branca, dobrada até os cotovelos. Sua calça jeans, azul o deixava mais bonito do que de costume, descalço, como sempre ficava quando não era necessário um sapato. Comigo ele estava sempre assim. A vontade. Eu sabia o quanto era difícil para ele usar um par de tênis. Chinelos então, nunca usava. Mas ainda assim eu o amava. Ele era mais do que aquilo que podia usar. Ainda que usasse um saco de batatas, ainda seria o homem da minha vida.
- Por que está me olhando?
- Admirando a vista.
- É uma bela vista?
- Belíssima.
O avião já havia levantado vôo há alguns minutos, desafivelei o cinto de segurança e me sentei na poltrona vaga ao seu lado. Peguei na sua mão, entrelaçando nossos dedos. Fechei os olhos e uma sensação tão boa me envolveu, que eu peguei no sono.
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Um chacoalhão me fez acordar