Após três noivados fracassados, Terena Tucker precisa enfrentar o pior dos seus pesadelos. O único homem ao qual ela amou verdadeiramente. Depois de quase onze anos entre farpas e palavras feias, Travis Turner reaparece para tomar o posto de padrinho, ao lado da mulher, no casamento do melhor amigo de ambos. No entanto, nada fica mais fácil quando uma mentira inventada se torna uma bola de neve, desastrosa mas capaz de unir os dois mais uma vez. Eles têm quinze dias para colocar toda a bagunça em ordem, e decidirem se vão esclarecer as coisas que ficaram inacabadas de uma vez por todas, ao invés de só fugir, de novo e de novo. Coisas inacabadas voltam, e Terena sabe que dessa vez não pode fugir.
Leer más"[...] Então todas as vezes em que o vento frio me toca ou o frescor do ar me alcança, eu lembro."
→16 dias antes do grande dia.Eu poderia dizer que minha vida amorosa é um fracasso, mas isso seria muito exagero.Bom, pra mim isso é um grande exagero, no entanto, para as pessoas que me cercam, ter três noivados arruinados é um verdadeiro fracasso. Não deveria ser tão ruim assim, certo?Bom, a forma mais sem graça de me apresentar é da forma como vou fazer… Sou Terena Tucker e estou no auge dos meus vinte e "tantos" anos, idade para ser super hiper mega responsável, mas ainda faço merdas de uma garotinha de dezesseis.Com três noivados desfeitos em um período curtíssimo de apenas oito anos, estava tranquila, vivendo com toda a falação dos fofoqueiros, e tentando levar minha vida pra frente enquanto recebia cobrança em cima de cobrança do meu melhor amigo, e futuro marido perfeito, da Louise, claro.Bruce se casaria logo, e eu acabei sobrando como madrinha. Uma madrinha sem par. Podia soar como algo bem simples, mas para Bruce Hudson não era.Há cerca de oito meses dei fim ao meu último noivado. Sam Foster foi o terceiro mocinho que saiu com o coração quebrado depois que eu me recusei a ir até o altar com ele em uma manhã de domingo. Do nada, o homem simplesmente acordou e decidiu que era a hora para o tal feito que mudaria nossas vidas, e mudou mesmo, quando mais uma vez travei e não consegui dar o maravilhoso passo à diante no relacionamento.Depois daquela manhã, o recomeço veio. Voltei a ser a mulher que fugia de compromissos sérios e firmados. E por esse motivo é que eu me encontrava sentada no meio de uma sala enquanto Bruce e Louise discutiam sobre quem faria par comigo, visto que meu melhor amigo jamais abriria mão de eu ser sua madrinha de casamento. Uma simples madrinha.— Tem o primo Adam. Seria bem aceitável se ele fosse nosso padrinho — sugeriu a loira, cessando seus passos a fim de parar em minha frente.— Que nojo, Lou! Ele comia secreções do próprio nariz. Não estou em uma situação tão decadente assim — protestei ofendida, torcendo o nariz.— Ah, mas isso faz uns dois anos, ele já deve ter parado com essas manias desagradáveis — continuou com sua tentativa falha de me convencer.Olhei para Bruce e ele também parecia não ter gostado nem um pouco da ideia do primo Adam. Se a princípio o intuito fosse arrumar alguém para evitar a conversa frequente de que "todos os meus ex noivos estavam novamente noivos, e eu abandonada porque os chutei", usar o primo Adam não ajudaria de forma alguma, só faria com que as pessoas dissessem ainda mais besteiras.Eu definitivamente não queria ouvir as pessoas dizendo que minha última opção foi um familiar de Louise que mal conseguia proferir uma frase completa sem gaguejar quando estava na frente de uma mulher.Não que eu de fato me importasse com opinião alheia sobre a minha vida e meu modo de sobreviver e agir. Se quisessem discutir mais sobre o fato de que eu estava beirando os trinta e ainda morava com meu pai, tudo bem, se quisessem fofocar sobre todas as vezes em que anunciei um namoro com um amigo novo de Bruce, sem problemas também. Já meu melhor amigo se doía por mim em níveis assustadores, e a possibilidade de me ver sendo alvo de conversas invasivas e desnecessárias era um tormento para o homem, e se era um tormento para ele, acabava sendo meu e de Louise também.Não dava pra não ser contagiada quando Bruce inventava de soltar sua raiva, ela era bastante transmissível.— Pensando bem, dois anos é tempo suficiente para o Adam ter melhorado. Se em um período de um ano e sete meses a Terena conheceu o Sam, iniciou um relacionamento, noivou e terminou, significa que o primo da Lou pode sim ter mudado muito — argumentou pensativo.— Nossa, que comparação maravilhosa, seu idiota — retruquei cruzando os braços e invertendo as pernas também cruzadas.Era o cúmulo. Eu estava parecendo uma criança birrenta que acaba de levar uma bronca por cometer um erro.Os pais a colocam no meio da sala e começam a andar em círculos dizendo para ela que seus caminhos fora do trilho renderiam consequências, e todas elas teriam que ser devidamente pagas.Eu estava sob acusação.O crime grave foi ter terminado o noivado, e dessa vez foi logo com um dos melhores amigos de Bruce, de novo, então seria inevitável não ver o jovem ali, e de um jeito ou de outro acabaria pagando minha sentença nos próximos quinze dias que estavam por vir. Meio mês convivendo e dando rumo aos últimos preparativos para a cerimônia.Eu sabia que teria de enfrentar esses pesadelos, mas queria me enganar dizendo para minha mente que eles não conseguiriam me abalar com suas presenças, porque ao final, não tinham relevância suficiente para fazerem isso.— Olha só, amanhã é a reunião oficial com todos os padrinhos de vocês, com os familiares, e toda essa ladainha que inventaram. Com todo respeito mas, eu deveria ficar como só mais uma dama de honra e evitar tragédias. Posso ajudar no mesmo nível.As tragédias no caso seriam Bruce socando a cara de algum filho da mãe que ousasse me ofender ou tirar uma com a minha cara por conta dos tais noivados que nunca chegaram aos finalmentes. E Louise não perdia para ele, visto que uma das damas de honra já não seria nem sequer amiga da noiva depois de comentários engraçadinhos sobre minha vida amorosa. Veja bem, eu dava mais trabalho que o caçula dos Fauzer.— Eu já disse que não abro mão de que seja minha madrinha, e ponto final — decretou, me olhando bem sério enquanto se escorava no batente da porta fechada.Se fosse isso que o homem tanto queria, então teria. Debater com o senhor bravinho estava fora de cogitação.O fato é que, eu devia mais a Bruce do que a qualquer outra pessoa na minha vida. Justamente isso, minha vida, minha pele salva, eu devia tudo a ele.E o amava, amava a ponto de entrar de braços dados em uma igreja até com um senhorzinho que mal se aguenta nas próprias pernas.Por mim, foda-se quem seria meu par, de qualquer forma o sonho de me ter ao seu lado no altar como melhor amiga, melhor irmã postiça, e melhor madrinha, seria realizado.— Tudo bem, teimosia em pessoa. Eu com certeza vou entrar como sua madrinha. Mas vamos esperar até o último ensaio pra decidir quem será o meu companheiro, pode ser? Assim podemos saber se o Adam está em condições aceitáveis para estar ao lado dos noivos no altar, e se não estiver, nós improvisamos. Sabe bem que meu pai está à disposição e eu não me importo de entrar com ele.Louise acenou com a cabeça como se pra ela estivesse tudo bem, mas Bruce não pareceu contente.— Vão ficar de conversa mesmo assim. — Jogou os braços para o ar, insatisfeito como sempre. — Até lá as pessoas vão falar mil coisas chatas, principalmente porque o Sam e o Henry estarão aqui e serão padrinhos também. Eu prefiro que isso se resolva já. Não quero esperar que comecem com piadinhas idiotas sobre você estar solteira e parada no tempo.Nossa, não era tão bom ouvir essa constatação saindo da boca dele. No fim eu realmente estava parada no tempo, há anos. Uns doze, pra ser exata.Não que me doesse ou me dilacerava, mas saber que dois dos meus ex estariam ali como padrinhos, com suas respectivas noivas, me deixava apreensiva. Não poderia jamais pedir para Bruce abrir mão disso porque a intrometida fui eu, não deveria ter me envolvido com seus amigos se quisesse distância depois. Talvez, esse tenha sido o meu erro, me envolvi com pessoas que não poderiam ficar longe depois que tudo tivesse acabado, sendo assim, eu que suportasse calada e de peito bem estufado.Não podia dar o gostinho de que me vissem sozinha e quase virando a tia dos gatos, tendo como único impedimento de isso ter acontecido, minha rinite, caso contrário, eu já seria praticamente uma senhorinha cercada de felinos.— No final disso tudo, nem você e nem a Lou tem que se preocupar tanto com esse pequeno detalhe. Eu vou dar um jeito, prometo para vocês, só confiem em mim.Me levantei e caminhei primeiro até a mulher que estava mais próxima, lhe dei um abraço rápido e sussurrei um "obrigada" em seu ouvido, pensando na verdade em me desculpar pelo inconveniente.Não era a primeira vez que eu dava dor de cabeça para os dois. Em Bruce dei um beijo na bochecha e lhe encarei por alguns segundos antes de abrir a porta e sair do quarto e daquela casa enorme que no dia seguinte receberia dezenas de pessoas. Ele não disse mais nada, mesmo que sua cara contradizia seu silêncio.Eu poderia ficar mais e debater, no entanto, não chegaríamos a lugar algum, não só pelo cansaço naquela hora da noite, como por não termos ainda uma solução visível e palpável. Definitivamente, o primo da Lou estava fora da minha lista.Por onde eu passava, nos corredores e pelas salas de estar, via algum arranjo ou preparativo que remetia à cerimônia que me recusei a realizar nos últimos anos. Não havia um arrependimento real da minha parte, nunca tive vontade alguma de vivenciar a magia de um casamento e receber uma chuva de arroz quando saísse da igreja para iniciar uma vida diferente com alguém fixo ao meu lado. Minha vez já tinha chego um dia, e passou tão rápido que mal me recordava do gostinho.Faltava menos de vinte e quatro horas para toda a farra começar, e algo me dizia que seria uma bagunça bem grande.Os quinze dias prometiam ser corridos e cansativos até a cerimônia, eu estaria envolvida em cada um deles como o prometido aos noivos, e além de ter que lidar com o passado recente que eram Sam e Henry, rindo da minha cara com suas respectivas noivas, havia noventa por cento de chances de ter que enfrentar um "arqui inimigo" bem mais antigo.Travis Turner provavelmente viria, e mais do que me preocupar com quem me acompanharia no altar, eu teria que ralar para manter minha pele a salvo e completamente longe daquele homem.Ele era o meu karma, e para minha infelicidade, eu sabia que não teria como continuar o evitando.Talvez enfim tivesse chegado o meu fim.— Eu já disse que não! Temos três crianças para cuidar, mais a Doja Cat, o Seth, o Marc Spector, a Gamora, e o Peter Parker. Por favor, não me olhe assim.O homem fez um biquinho manhoso forçando uma cara de choro, o que desencadeou as lágrimas de Louise no mesmo segundo, só não nos pegando de surpresa porque já havíamos nos acostumado.— Ah, não comecem vocês dois. Eu preciso de sobrinhos também, meu filho precisa de primos, não me façam tamanha desfeita. — Fungou secando o rosto.Eu quis morrer não sabendo lidar com os sentimentos aflorados da senhora gravidinha, mais uma vez. Em todos os momentos de choro, eu ficava sem saber o que fazer, não tinha argumentos bons o suficiente para dialogar sobre a barata que eu precisei matar ou a florzinha morta que precisei podar. Bruce então correu para amparar a esposa e quando a fez se acalmar, vimos ela sorrir alegre ao tomar um generoso gole do chocolate quente.— Eles não vão nos decepcionar, meu amor. Em breve essa fodelança toda vai te
Meus dedos percorriam a pele da barriga redonda sem pausa já fazia uns vinte minutos. Se eu dissesse que cansava de fazer aquilo era uma grande mentira. Sentir os chutes era delicioso, melhor ainda quando eu cantava alguma música e sentia seus pezinhos forçando o tecido, como se quisesse logo pular para fora daquele cantinho de amor. Ainda era cedo. Faltava cerca de três meses para o bonitinho enfim dar as caras e mostrar se era parecido com a mamãe, ou se puxou os traços do papai.— Desse jeito vou te fazer dormir comigo toda noite. Sempre que você toca minha barriga ele fica calmo, não dá aquelas cambalhotas que fazem eu perder o ar, apesar de querer pular pra fora — resmungou ainda de olhos fechados.— Ele me ama, isso é óbvio, e vai me respeitar porque sabe que vai ter que passar dias e noites comigo quando você estiver abarrotada de encomendas. É lógico que vai se comportar com a titia dele. Ele sabe que eu o amo pra caramba, e que sou surtada quando necessário. Não é meu amo
Travis riu desacreditado, mas percebeu que eu estava falando bem sério, então para me obedecer, fechou a porta grande de madeira na intenção de que nenhum vizinho pudesse ver o que estava acontecendo ali, e quase que em câmera lenta começou a desabotoar a camisa azul, ali perto da porta mesmo, primeiro os pulsos, depois toda a parte frontal. Fez isso bem devagar, me olhando faminto e me provocando, quase me perguntando apenas com o olhar se eu ia aguentar ficar só observando, e sim, com certeza eu ia amar vê-lo se despindo para mim. — Eu posso fazer isso durar uma eternidade. Minha calça pode ter certa dificuldade em sair do meu corpo — provocou. — Bom, sendo assim, eu posso fazer minha menstruação durar mais tempo, posso criar uma greve, sei lá, posso te castigar de outras formas. Você decide — desdenhei, apoiando os cotovelos no mármore frio, fazendo com que os seios ficassem bem empinados para cima. Travis riu, balançou a cabeça em negação e deixou enfim o tecido que cobria se
Ri como uma criança que acaba de ganhar o brinquedo preferido. Travis era muito mais que o meu brinquedo favorito, era o ar que eu respirava, passar esses meses longe um do outro depois de esclarecer todas as coisas só me fez pensar nas milhares de formas que eu teria para ficar com ele. Sem fugas, sem mentiras, sem medos. Só eu e ele, sem a intromissão de ninguém.Travis me colocou no chão e olhou envergonhado para a mulher que observava atenta nossa pegação. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e ela parecia não ter entendido nada, e nem tinha porquê entender também.— Vocês são namorados? — perguntou curiosa e confusa.— Não. A Terena é minha esposa. — Olhou para mim todo orgulhoso, me puxando pela cintura para me manter colada nele. — E essa agora é a nossa casa... Feliz bodas de aço, Te.Meu. Deus. Travis estava dizendo que íamos morar juntos?Eu só soube sorrir sem parar, não tinha palavras pra dizer o quanto eu o amava, o quanto eu não queria ficar longe dele, o quão idiota
Três quartos, uma sala de estar grande, uma de jantar ainda maior, lavabo, varanda, quintal para cachorro ou crianças - sim, ou um, ou outro - e um bairro sossegado com boa vizinhança.Não costumava ir até aquela área da cidade, não só por ser mais afastada do Centro, mas porque era também um lugar onde só tinha casas novas, bonitas demais e com o preço não muito acessível. Entretanto, lá estava eu vendo uma residência que Beverly insistiu para que eu fosse ver.Depois de meses só enrolando meu pai havia chegado a hora de enfim me mudar, mas o que parecia ser uma coisa simples, se tornou complicado quando não encontrei nenhum apartamento que me agradasse de verdade, então acabei pedindo ajuda de Louise e Beverly, e acabei cedendo. Marquei uma visita para conhecer a casa.O estranho foi que ao entrar ali, senti um conforto indescritível. Foi como se ela tivesse me escolhido, mas ainda não sabia quanto essa escolha poderia me custar. Quando pesquisei mais a fundo, por curiosidade, d
Lancer me ofereceu mais um copo de suco de maracujá. Fiz uma cara feia, mas não neguei.Nós não dissemos nada, chegamos sem as sacolas e ele alegou que não tinha nada do que queríamos e ia pedir uma pizza, não foi tão convincente mas seus pais aceitaram. Então eu subi para o quarto de Travis, e por pouco não chorei, não por Ramona, mas por sentir falta dele, por não tê-lo comigo. Eu sabia que isso ia me devastar.— Está mais calma? — Puxou um puff e se sentou de frente pra mim, cruzando os dedos das mãos e apoiando o antebraço nos joelhos.— Eu nem sei como me permiti perder a postura com aquela mulher — falei mais pra mim mesma.— É comum reagir mal diante alguém que te causou muita dor. Quando eu tive que encarar meus pais depois de me sentir abandonado, não foi fácil. Mas não vou comparar, não sei o que ela te fez.E ia continuar sem saber. Bastava ter Bruce em cima de mim me cuidando. Não precisava mais disso, apesar de não poder afirmar com certeza se ficaria em pé no meio d
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