Até o tom das vozes parecia o de um desenho animado.
A flor à esquerda disse:
— Ela me traiu, por que eu deveria procurá-la? Eu sou inútil, estou apenas apodrecendo no vaso. Nem quero procurar ela!
A flor à direita respondeu:
— Ela ainda é minha esposa, se eu a deixo, estou apenas me prejudicando ainda mais. Preciso dar um jeito de sair desse vaso e ir encontrá-la!
A flor da esquerda retrucou:
— Não vou procurar, não vou!
A flor da direita insistiu:
— Eu vou, vou sim!
Gustavo observava aquelas duas flores se contorcendo com entusiasmo, mas suas sobrancelhas estavam cada vez mais franzidas.
Não demorou muito.
A porta se abriu, e Edmar entrou.
Gustavo olhou para ele, que trazia comida.
— Vamos comer.
Gustavo engoliu em seco.
— Você não percebeu que há algo estranho neste quarto?
Edmar parou, olhou ao redor.
— O que tem de estranho?
Gustavo fixou novamente os olhos nas flores, que ainda continuavam conversando.
A flor à esquerda disse:
— Ela me feriu. Mesmo que eu pense nela, não quero ma