Proibida de entrar

Acordei sozinha na cama como de costume, meu marido, Ethan, não fez questão de me acorda e até prefiro assim. Fiquei deitada olhando para o teto do quarto e dei um suspiro longo e desanimado. Uma das criadas entrou em meu quarto, sem ser anunciada e foi logo abrindo as cortinas das janelas. Isso me deixou um pouco irritada, mas não falei nada, apenas me levantei.

Hoje é o dia do festival nacional e preciso organizar os preparativos para a nossa festa nacional. Sai da cama com alguma dificuldade e fui direto fazer minha higiene pessoal. Meu reflexo no espelho não condiz com a mulher que eu “Eva Parker” fui um dia.

Estou magra demais, meus olhos, estão abatidos, vendo como estou agora, dou um longo suspiro mais uma vez. Após me lavar eu me enrolei em uma toalha e saindo do banheiro, escolhi um vestido de alças verde e decote em V, em frente ao espelho prendi os meus cabelos em um coque deixando alguns fios soltos e passei uma maquiagem discreta para esconder minhas olheiras escuras. Dei uma última olhada no visual e resolvi sair.

Andei pelo reino e pude perceber que todos estão enfeitando suas casas enquanto andava, acabei percebendo que muitos me olhavam com olhos curiosos e sussurros chegaram aos meus ouvidos atentos.

“Olhem a luna,”, ouvi um dos moradores sussurrar com outro.

“Luna? Ela não passa de uma loba inútil, pobre Ethan”, o outro disse com desprezo.

As palavras deles me machucaram muito, então resolvi apressar meus passos em direção ao lugar onde acontecerá a celebração dessa noite, mas os insultos não pararam, escuto outra loba falar com desdem.

“Uma doente, olhe para ela, está tão magra, capaz de morrer no parto”, a loba me olhou com cara de nojo.

“O que você disse?”, parei e a questionei.

Ela me olhou mais uma vez com desprezo e um sorriso de escárnio se desenhou em seus lábios.

“Eu acho que o alfa, deveria devolvê-la e procurar uma luna melhor para ocupar o cargo”, ouço a mulher falar comigo com deboche.

“Você deveria ter respeito com sua luna”, falei a encarando.

Um pequeno grupo se formou ao nosso redor, olhares curiosos e sussurros ecoaram e escutei alguém gritando.

“Volte para o castelo, não queremos você aqui com sua doença”, olhei em volta e procurei quem insinuou que eu estava doente.

Os insultos não pararam e mais gritos pude ouvir. “Vá embora senhora, você não é bem-vinda, no meio do povo.”

De repente uma mulher me empurrou quase me fazendo cair. Sai correndo em direção ao salão real e assim que cheguei lá me encostei em uma parede assutada e com o coração acelerado. Minha respiração ofegante, senti uma leve pontada na barriga, respirando fundo com a mão sobre o ventre, caminhei até um banco em meio aos jardins do castelo e me sentei até fica mais calma.

Entrei no grande salão que esta sendo enfeitado e vi os servos me olharam por um tempo e pude ver que não sou bem-vinda, mas não sairei, sou a luna deles e terão que me aceitar de uma forma ou de outra.

“Senhora, o que faz aqui?”, ouvi um dos lobos me perguntar, como se meu lugar não fosse aqui.

“É meu dever organizar os preparativos para festa de hoje a noite”, falei séria.

“Certo, atenção a todos, a nossa luna veio nos ajudar”, ele falou sorrindo.

Vi todos abaixarem as cabeças sorrindo. Uma tristeza se apoderou de mim e neste momento desejei que o chão se abrisse, pois nunca imaginei que minha vida se resumiria somente a sofrimento.

Após ver todas as mesas do salão, decoradas e arrumadas, discriminadas por alcateias, me sentir orgulhosa de mim mesma, eu havia feito um trabalho incrível.

Enquanto finalizava os últimos ajustes, escutei uma voz ecoar “Quem arrumou isto?”, um dos anciões das tribos falou com arrogância, olhando todos em volta.

“A luna”, as criadas apontaram para mim, com um sorriso cínico nos lábios.

Eu estava parada, confusa, olhando o homem sem o reconhecer.

“Desfaça tudo, essa separação causara problemas”, ele falou.

Discordei sabendo muito bem o que estava fazendo. “Dessa maneira, todos se sentirão queridos”, rebati seu argumento.

“Saia, por favor”, ele falou, me olhando com uma fúria contida.

Por um momento pensei em lhe responder, mas diante do olhar de indignação de todos resolvi me retirar. Porém, evitei fazer o mesmo caminho, por medo de alguém tentar me agredir, eu optei por passar por trás do enorme salão que apesar de ser mais distante, me deixou perto da grande torre onde fica o velho sótão.

Mesmo todos achando que eu não era a companheira adequada para Ethan, eu sabia das minhas capacidades, Ethan Blackwood. Há dois anos se tornou o rei Alpha das matilhas deste país, ele unificou dezenas de alcateias, por meio de atos cruéis como, saques, intimidações e da guerra. Ele como Alpha supremo estabeleceu o “Reino Luponico.”

Ethan sempre se mostrou como um lobo integro e de caráter, me tratando como uma verdadeira rainha em frente ao nosso reino, para todos sou uma Luna prestigiada, mas o que ninguém sabe, é do inferno que vivo dentro das paredes do castelo, aqui não passo de uma simples escrava de Ethan e tenho sofrido abusos e torturas. Todos os dias meus gritos ecoam pelos corredores do palácio.

Meu querido marido é um homem astuto, e ninguém dentro e fora desse castelo se atreveria a falar sobre isso. O meu povo não me considera sua luna, pois Ethan me faz passar para todos por uma loba fraca e doente, uma inútil como Ethan fala.

Depois de um banho demorado e revigorante, coloquei meu vestido de festa e olhei para o enorme espelho pendurado na parede e percebi que faltou apenas a maquiagem.

Após me maquiar com tons leves, mas que realçou um pouco da beleza que tive, estou pronta. Faz um longo tempo que não via minha família, é isso acabou me deixando triste, mas essa noite matarei a saudades dos meus pais e irmão.

Cheguei na entrada do salão e respirei fundo, quando eu me preparei para entrar um servo veio até a mim.

“Senhora! Não está qualificada para entrar no salão”, olhei confusa para ele, devido suas palavras.

“Desculpe! O que disse?”, perguntei incrédula.

“Saia, imediatamente”, ordenou o homem.

E vi algumas pessoas que estavam chegando me olhar com pena e desprezo. Sentir tudo gira ao meu redor, sai cambaleando, esbarrando nos convidados que me empurravam, minhas lagrimas banhou meu rosto e corri pelos jardins, indo em direção a grande torre, meu peito subia e descia por conta do esforço. Subi alguns degraus de escada e entrei no sótão de onde eu poderia ver quem estava chegando ao festival.

“Maya”, chamei minha loba, mas ela não respondeu. Estava calada desde o dia anterior. Observei os convidados entrarem no salão, todos bem arrumados e felizes.

Logo avistei meu pai imponente com seus trajes, ao seu lado minha mãe com um dos seus vestidos caríssimos. Atrás deles meu irmão esbanjando sorrisos e simpatias. Havia planejado passar essa noite ao lado deles, mas foi tudo por água abaixo. Muitos outros convidados foram chegando, todos com sorrisos largos e felizes e uma crise de choro se abateu sobre mim, deixei minhas lagrimas fluírem livremente.

Nesse instante, Maya se agitou agoniada, como se algo errado estivesse acontecido. Olho na direção onde Maya estava olhando fixamente e então vejo meu marido Ethan entrando acompanhado de uma mulher, com certeza uma de suas amantes, essa é a filha do alpha de uma alcateia pequena. Posso ouvir as conversas de todos ao redor de Ethan, devido à nossa ligação mental.

“Senhor, que bom vê-lo”, um homem falou sorridente.

“Que essa noite seja perfeita”, Ethan falou sorrindo.

O homem olhou para a mulher ao lado de Ethan e perguntou. “Vejo que a nossa luna, não o acompanha”, ele disse com um sorriso malicioso em seu rosto.

Neste momento, meu marido Ethan ficou com um semblante muito triste e falou. “Amber, está muito fragilizada, ela preferiu fica em casa”, sua voz soando triste.

“Entendo… melhoras para nossa luna Ava”, o homem disse, pedindo licença é saindo da presença do meu marido Ethan.

Do alto do sótão observei toda a festa, as pessoas dançando felizes e Ethan, tirou sua amante para dançar. Maya fechou os olhos e senti a tristeza da minha loba. Mas algo ainda pior aconteceu, de repente a amante do meu marido o beijou no canto de sua boca, causando especulações e olhares curiosos em todos que estavam presentes.

Chorei de tristeza e dor por essa humilhação, Maya uivou desesperada e magoada. Então envolta em meus lamentos ouvi passos vindo em minha direção, ao me virar me surpreendi.

Como Ethan poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo, aquilo seria impossível, o encaro rapidamente e percebo um cheiro diferente, não é o mesmo de Ethan, é um cheiro familiar, mas não lembro de ter visto antes.

“E… Ethan?” Perguntei temerosa.

Escuto uma voz rouca, mas imponente. “Não! Me chamo Hunter Blackwood sou o irmão gêmeo de Ethan.”

Arregalei meus olhos em surpresa, eu sabia que Ethan tinha um irmão, mas nunca tinha o visto antes.

“O que faz aqui?”, ouvi Hunter perguntar, olhando ao redor.

“Nada de mais”, falei enxugando minhas lágrimas, para ele não ver.

“Seu lugar não é ao lado do meu irmão?”, ele perguntou olhando para a festa lá em baixo acontecendo.

“Com licença”, sai correndo pelos corredores do castelo até entrar no meu quarto e fechar a porta.

Na segurança do meu quarto me encostei na parede, respirando fundo.

Será que Ethan o havia enviado para garantir que eu não fosse a festa? “Pensei”, como ele sabia que eu estava ali? Havia limpado aquela parte do sótão para ficar em paz.

Fecho os olhos lembrando de sua feição e penso “Por que ele me olhou daquele jeito?” Ethan nunca me olhou assim.”

“O que será que Hunter queria comigo?”, são muitas perguntas mais nenhuma resposta.

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