Suas mãos envolvem meu corpo, parecem estar em todos os lugares. É tão irritantemente familiar, como se elas nunca tivessem me deixado, como se por uma fração de segundos estivéssemos continuando de onde paramos.
Ou melhor, como se isso que a gente tem, esse calor que nos torna uma coisa só, essa sincronia como se fosse uma dança antiga, uma coreografia do universo… é como se isso nunca tivesse acabado.
Deixo meus dedos se embrenharem em seu cabelo, os cachos largos e macios fugindo revoltos por entre meus dedos. A aliança pesando uma tonelada.
O frio no meu estômago começa a se alastrar pelos ossos, alcançando as extremidades e me dei
Sei que estamos prestes a virar abóboras quando Bella segue meu olhar.— Pra onde eles foram? — pergunta atordoada.Por mim, que tivessem ido pra puta que pariu, se eu tivesse ido com mais calma, ela ainda estaria na minha boca, nos meus dedos. Quente e molhada.Mas agora ela está se endireitando, puxando a barra do vestido repetidamente para baixo.Quando me encara outra vez, tento sorrir, ergo uma das mãos como um convite para que ela volte para mim. Mas ela observa meus dedos, provavelmente lembrando de onde eles estavam segundos atrás. Ao invés de escolher voltar para eles, dá um passo para trás.Acabou a magia. É o fim do conto de fadas.Ela não precisa dizer nada, mas escuto mesmo assim quando o vinco entre suas sobrancelhas marca seu rosto bonito.“Se não tem plateia, não tem motivo.”Aparentemente, o coração acelerado, a umidade em sua calcinha, a respiração falhando, a fome com que me devorou, com que me arranhou e puxou meus cabelos… nada disso é motivo.O motivo é um teatro
Eu não sei se vou conseguir suportar viver nessa casa nesse estado. Consciente o tempo todo de tudo o que aconteceu entre essas paredes, em cima desses móveis, em cada canto que eu encostar.Não é justo que enquanto eu comia o pão que o diabo amassou, Dante seguia a vida dele, como se nosso relacionamento não tivesse valido de nada.Me sinto uma idiota por um dia ter sonhado que eventualmente eu faria daquele apartamento meu lar também. Bom, o sonho se realizou, só não conforme o planejado.E agora todas as memórias boas que eu tinha aqui estão manchadas com o rosto de outras, de cada uma que vi os tabloides, mesmo não querendo ver.— Perdi isso também — murmuro mais para mim mesma do que para Dante.— Isso o quê? — ele pergunta baixinho. Sinto a dor em sua voz também, estamos tão quebrados, por que achamos que poderíamos fazer isso dar certo desse jeito? Como se fosse como nos velhos tempos?— Você, essa casa, as coisas boas que vivemos aqui…— Você não perdeu nada disso, Bella.— Ma
Se eu soubesse que Enzo traria isso à tona, não teria dado o play naquele áudio. Penso em mil mentiras capazes de contornar a situação. Mas, por outro lado, talvez seja isso que nós precisemos: alinhar nossas histórias.Sinto que Bella e eu continuamos nos desencontrando, ora tentando continuar de onde paramos, ora agindo como se nunca tivéssemos vivido uma história, mas vivemos. Tínhamos sonhos e planos juntos.Pelo menos eu tinha.Ela olha pela janela tentando se localizar.Pela maneira que endireita a coluna, percebo que ela já sabe onde estamos, mas espero que ela diga alguma coisa.Ela pega a caixa com a chave no colo, com dificuldade para respi
Tenho medo do que tudo isso significa. Medo de ser real. Medo de não ser real. Medo de como meu coração pula no peito e de como nada na minha vida pareceu tão certo quanto esse momento.Todas às vezes que passamos por essa rua, namorando essa casa. Todas as brincadeiras com fundo de verdade que fizemos a respeito do futuro, e todas as coisas que eu nem tive coragem de dizer, mas sonhei e desejei com todo o meu coração.Essa casa. Esse homem. Esse anel no meu dedo. Um filho.Um arrepio me percorre me tirando o ar.Não era assim que eu imaginava chegar aqui, meu cérebro não parece capaz de entender que a realização desse sonho não é verdadeira. — Eu fui ridícula, eu não mereço nada disso — ela se desvencilha do meu toque, apontando o redor, tentando ficar de pé. — Não mereço isso…Seguro seus pulsos a impedindo de tirar a aliança.— Isabella, para. Não pula a etapa da barganha, por favor, meu amor.— O quê você quer que eu faça, Dante? — ela pede num sopro. O rosto inchado e vermelho de tanto chorar.Respiro fundo, absorvendo tudo o que vivi entre essas paredes. Todo o tempo que esperei por Bella, porque mesmo quando eu escrevi aquela carta para mim mesmo, mesmo quando parei de carregar a aliança comigo, eu sabia que, no fundo eu continuava Capítulo 64 - Dante Vasconcellos
A resposta de Dante é um grunhido torturado. Os braços se apertam ao meu redor, comprimindo até meus pulmões. Sua ereção pressiona minha pelve e parte de mim deveria estar tentando ser cautelosa, mas a outra é rebelde demais e já força o quadril a rebolar ali mesmo.Eu sei que pedi por um tempo, sei que tenho muita coisa para digerir e entender, sobre mim, sobre nós e nossa nova dinâmica. Mas estou tão cansada e nesse momento tenho um homem que afirmou repetidas vezes que ainda me ama.Um homem que viu um futuro para nós quando eu só conseguia ver meu passado desmoronando, um homem que me esperou, que insistiu e que seguiu em frente porque eu fui tola.Esse homem crava os dentes na minha pele e me arranca um gemido agudo
Talvez os caminhos para chegar até aqui não tenham sido como eu imaginava, mas nesse sentido a realidade consegue ser ligeiramente melhor do que o que sonhei.Sexo com Isabella sempre foi muito bom, mas nunca desse jeito, nessa intensidade. A saudade me deixa com uma fome avassaladora e meu corpo inteiro parece duzentas vezes mais sensível.Ainda nem fiz nada de mais e ela já está se contorcendo, o que é um sinal claro de que ela está tão desesperada por isso quanto eu.Seguro os joelhos de Bella bem afastados um do outro e dou uma boa olhada na visão que tenho dela. Mãos atadas, peito arfando, dedos dos pés se contorcendo.Linda.Perfeita.
Meu corpo inteiro convulsiona sem meu controle. Meus membros parecem gelatina e as extremidades estão formigando. Minha cabeça está nas nuvens e a voz de Dante soa distante, mesmo que eu sinta seus lábios roçando na minha orelha.— A primeira coisa que a gente vai comprar pra essa casa é um sofá.Solto uma risada fraca e ergo o rosto para encará-lo antes de perguntar:— E por que não uma cama?— Não queria parecer apressado, você pediu um tempo pra se adaptar…Dante acaricia meu rosto e sustenta um sorriso sincero, não parece chateado comigo por eu querer uma coisa e fazer outra.Último capítulo