CAPÍTULO BÔNUS - VICTOR
Eu não deveria ter levado Cassie até ali.
Essa constatação só veio depois, tarde demais, quando o gosto metálico da culpa começou a subir pela minha garganta. Antes disso, tudo o que eu sentia era um impulso quase primitivo de provocá-la, de puxar para fora aquela versão dela que eu conhecia bem demais — a mulher que se revelava nas sombras, que não pedia licença para desejar.
O Aurum era exatamente o tipo de lugar que fazia as máscaras caírem.
O clube de voyeurismo ocupava o subsolo de um prédio antigo, discreto demais para quem passava pela rua. Nada de letreiros chamativos. Apenas uma porta preta, um símbolo dourado minimalista e um segurança de terno que parecia ler almas antes de liberar a entrada.
Assim que descemos as escadas, o ar mudou.
Havia um perfume denso no ambiente — âmbar, couro, algo levemente adocicado — misturado ao som baixo de uma música eletrônica lenta, pulsante, que vibrava mais no peito do que nos ouvidos. Luzes indiretas desenhava