Paola é filha do Capo da Cosa Nostra, a máfia italiana e por conta de seu pai ter assassinado o filho mais velho do Cabeça de Dragão, o líder da Tríade, ela agora é o maior alvo do líder e de seu filho Lee Mizushima. Toda a sua vida ela teve que viver reclusa em uma fazenda em uma cidade na Itália, longe de seus pais e na companhia de seus avós que a ajudaram a cria-la. Paola sofre com a distância e com a maneira que é obrigada a viver, numa "gaiola dourada", como ela chama, mas tudo muda quando seu pai decide casá-la com o líder da Yakuza, um inimigo em comum com a Tríade e que aumentará o poder de influência na sociedade entre as máfias, além de protegê-la. Mas outra reviravolta ocorre quando ela é levada pela Tríade quando está a caminho de conhecer seu futuro noivo e como se sua realidade tivesse virado de cabeça para baixo, ela de repente se vê nas mãos de seu inimigo, incerta sobre seu futuro e como fará para fugir do homem que a tirou de sua vida e a afastou de sua família.
Leer másSentada na cadeira da grande sala de estar, eu balançava as pernas que de forma alguma tocariam o chão. Eu tinha um cubo mágico que insistia em tentar resolver, era uma coisa curiosa e, obviamente, colorida que chamava minha atenção.
Havia sido um presente de meu pai, aparentemente um brinquedo que exercitava o raciocínio lógico e criatividade de estratégia de reunir as cores novamente. Eu nunca conseguia, sequer uma delas. Minha mãe estava em seu quarto, estava cansada e eu insisti em ficar acordada esperando meu pai.Ela não insistiu em me levar de volta para meu quarto, sabia que eu choraria e faria birra até que me deixassem em paz.
“Não fará nenhum mal se ela apenas permanecer sentada, senhora”, foi o argumento de Giorgia, nossa governanta. Mamãe, por fim, decidiu permitir contanto que eu tomasse banho e colocasse meu pijama. Obedeci e em poucos minutos estava de volta na cadeira, vestida com um macacão cor de rosa com bolinhas brancas e um casaco pesado que Giorgia insistiu que eu usasse devido ao frio.
Não sei quanto tempo fiquei sentada sob a cadeira de madeira em espera, mas me lembro que quando Enrico Provenzano atravessou a porta da sala, minhas pernas já estavam cansadas de balançar e o cubo havia me cansado há um tempo. Quando ouvi seus passos, desci da cadeira e caminhei para fora da sala de jantar, meu pai estava de pé e fechava a porta. Me lembro que ele mancava e quando virou e me viu lá, de pé e com o cubo em minhas mãos, seu rosto que antes parecia raivoso e sombrio se suavizou um pouco.- Paola… – ele suspirou e caminhou a passos vacilantes até mim. Devagar, se ajoelhou na minha frente, suas roupas e mãos cheias de sangue, o rosto tinha algumas gotas salpicadas. Seus olhos azuis encaravam os meus, com a percepção infantil de uma criança, procurei por algo familiar em seus olhos, mas encontrei algo que eu não soube definir naquele momento, mas que ainda sim me deixou desconfortável e cautelosa. Meu pai olhou para o brinquedo e sorriu. – Ainda está tentando resolver isso? – ele estendeu a mão e, hesitante, coloquei o objeto em sua mão, que era enorme comparada às minhas. Examinando o brinquedo, manejou-o rapidamente com poucos movimentos fez surgir uma cor completa, me mostrando a superfície toda vermelha. Fiquei maravilhada com sua facilidade e quando foi me entregar, parou no meio do ato. – Ora, veja só… Acabei manchando seu brinquedo. Me perdoe, bambina. Vou limpar isso e devolvo para você, tudo bem? – olhei para as pequenas manchas de sangue seco e assenti.
Ele me pediu para esperar, e sumiu no corredor que dava para o banheiro do térreo da casa. Quando voltou, as mãos estavam limpas e ainda segurava o meu brinquedo.
Me pegando no colo, começou a subir às escadas em direção aos quartos, entramos em meu quarto e fui colocada sob a cama. Me ajudou a retirar os sapatos e me cobriu com a coberta. Ele sorriu, mas este, diferente dos outros sorrisos que eu recebia de meu pai, não iluminou seus olhos, eles continuaram vazios.
- Durma, querida. Amanhã tenho uma surpresa para você! – Embora tenha ficado curiosa e a pergunta na ponta da língua, não perguntei. Algo em seu tom de voz deixou claro que não seria uma surpresa tão boa assim.
Quando acordei no outro dia, o brinquedo estava sob o criado-mudo ao meu lado com todas as cores completas.
Eu não soube naquele momento, mas era um gesto de despedida.
Anos Depois...Da varanda, eu conseguia observar os animais andando no pasto. O calor assolava todo o campo e eu sentia que poderia derreter a qualquer momento. Vestida em um shorts jeans e uma regata branca e sandálias eu me abanava com meu próprio chapéu de cor beje, sua costura continha pequenos furos que permitia que minha cabeça não esquentasse tanto ao sol, presente de meu pai, enviado pelo correio e me foi entregue por um de seus soldados.
Escondida. Era meu status permanente desde que saí de casa naquele dia, depois de acordar com o todas as cores completas no cubo, fui trazida para esta fazenda na cidade de Perúgia, que era isolada e permitido que poucas pessoas vivessem aqui, apenas as que foram autorizadas por Enrico.
- Quer cavalgar hoje, querida? - perguntou minha avó, Simona. Ela aparece na porta, vestida em um de seus habituais vestidos de renda que desciam até seus joelhos.
Ela era uma senhora elegante e muito bonita, a idade não tinha tirado toda a beleza que devia ter sigo magnífica em sua juventude. Sorri e aceitei seu abraço lateral, apoiei o rosto no seu, mesmo com o calor o carinho dela sempre era bem vindo. Os longos dedos enrrugados passearam por meus fios dourados até as pontas, mas logo nos afastamos, a temperatura insuportável…
- Hoje não, vovó. Tenho medo de tentar ficar sob o sol e ser derretida.
- Tudo que sobraria seriam seus lindos miolos de ouro, Pôla. – meu avô, Vittorio, subia os degraus da varanda, o chapéu preto em mãos, uma calça jeans e uma camisa xadrez aberta com uma regata branca por baixo. Ele ainda mantinha a boa forma, as costas largas e a altura herdadas de meu pai, justificadas quando olhávamos para o antigo Capo da Cosa Nostra. Sua imponência ainda sim não era questionada.
- Vittorio! Isso não é algo que se diz para uma moça como Paola! – ela desferiu um pequeno tapa em seu antebraço. Observei, sorrindo, a amizade e amor que sempre vi entre meus avôs, mesmo sabendo quem meu avô havia sido em seu passado e o que exigiu de meu pai para que hoje ele pudesse ocupar o seu lugar, eu não o via como alguém perigoso para mim ou minha avó, mesmo sabendo que ele era e mesmo depois de anos sem estar no comando, continuava sendo temido por seus inimigos.
- Ora, Simona. Paola não se escandaliza com comentários toscos como esse! – ele sorriu e piscou para mim. – Temos bastante coisas para fazer hoje, o que acha de me ajudar com os cavalos? – cansada e suando, assenti.
No caminho para os estábulos, decidi questionar uma dúvida frequente que havia me impedido de fazer, uma pergunta que eu trazia à tona todos os anos.
- É quase Natal… – ao meu lado, meu avô respirou fundo antes de responder.
- Sim… – seu tom de voz deixou claro que já sabia onde a conversa nos levaria.
- Eles não conseguem vir sequer desta vez? – ele me entregou a escova e tirou uma das éguas para fora, parando ao meu lado, me encarou.
- Dessa vez veio tarde, sua avó estava com esperanças de que esse ano não fosse perguntar. – suspirei, irritada.
- Então não conte à ela. – comecei a escovar os pêlos do animal em tom de caramelo à minha frente e ele começou a balançar o rabo, distraidamente.
- Nós já conversamos milhares de vezes sobre isso, Pôla. Sabe porquê eles não podem vir.
- É perigoso, eu sei… – alguma rixa entre inimigos na Máfia. Revirei os olhos, não parando os movimentos, mas fui obrigada quando sua mão segurou a minha com firmeza, mas indolor.
- Não, não sabe. Ou pararia de sempre esperar que seus pais venham visitá-la. – ele me soltou e foi para o outro lado da égua, onde eu conseguia ver um pouco dele considerando minha altura e a do animal à minha frente. – Eles só estão esperando uma visita, um único vacilo e saberão onde está. Depois disso, seríamos obrigados a nos mudar, e eu particularmente gosto muito daqui.
Considerei o fato de que eu não era a única a estar presa aqui, eles também estavam, tudo para garantir minha segurança, pois não havia ninguém que meu pai confiasse mais que seu próprio sangue para me proteger, ainda mais seu antigo Capo, a quem manteve sua lealdade até que assumisse seu lugar.
Não respondi, continuei divagando e escovando os pêlos da égua. Meu avô deixou que eu lidasse com meus próprios pensamentos e passados alguns minutos, depois de terminarmos nosso serviço, ele veio até mim e colocou uma de suas mãos em meu ombro, esse era o máximo de aproximação que tínhamos como neta e avô, ele nunca fora do tipo muito paternal ou carinhoso.
- Aguente mais um pouco, querida. Logo, logo venceremos essa guerra e você vai poder viver uma vida com um pouco mais de liberdade – já que não havia de fato liberdade para mulheres na máfia. – Seu pai dará um jeito nisso.
Quando ele saiu, fiquei sozinha no estábulo, eu e a égua me encarando. De repente me senti mais compadecida dela, pois ambas viviam presas às regras que foram estabelecidas à nós por outros que não tinham esse direito.
Como sempre, ela não disse nada de imediato, ficou sentada na cama me olhando enquanto eu pegava as minhas roupas do chão e me vestia. - Eu preciso ir. – coloquei a jaqueta preta de couro por cima da camiseta branca, já vestido com calças e tênis. – Tenha uma ótima viagem de volta para casa. – parei na frente da cama e me inclinei, erguendo seu rosto para mim pelo queixo. – E por favor, se cuide! – ela esperou que eu a beijasse novamente, e por mais que cada parte de mim desejasse ignorar tudo e voltar a me deitar com ela, eu não podia. Ao invés disso, beijei sua testa e me afastei e sem dizer mais nada. Mei chamou meu nome antes de eu sair pela porta de seu quarto, mas eu já não estava mais interessado em ouvir e a ignorei por completo ao fechar a porta atrás de mim, decidido a pôr um fim nisso de uma vez. No dia seguinte eu soube que ela havia partido e nos demais que se seguiram evitei ao máximo estar na casa quando ela vinha visitar Paola, de modo que meses se passaram sem que eu
Jun Estava sentado na cama com as mãos apoiadas no joelho, Mei estava deitada atrás de mim, ainda dormindo. Era de madrugada, provavelmente passava de uma hora da manhã e mais uma vez, eu havia cedido à ela, mais uma vez pensei com a cabeça de baixo e a levei para a cama. Porém, isso nem de longe significava que eu havia me esquecido de nossa conversa, ou que aceitaria mais uma vez aquele tipo de relacionamento instável, como tem sido a tantos anos.Naquela noite, eu fui visitá-la em seu quarto. Mei estava linda como sempre em sua camisola de seda vermelha, os cabelos negros soltos e descalça enquanto analisava suas roupas e separava a que pretendia usar no dia seguinte.- O pobre guarda roupa já desistiu de você? – perguntei, bem ciente do quanto ela brigava sozinha e reclamava das milhares de roupas que tinha, sempre achando que era necessário comprar mais.- Ainda não, hoje eu tenho sido relativamente paciente. Paola aceitou fazer compras comigo e também acho que ela esteja precis
Paola Naquela noite, depois do banho e de termos passado o dia juntos apenas desfrutando da companhia um do outro, Lee decidiu cozinhar para nós e lidamos com tudo como se fosse um encontro, ainda que em nossa casa, e mal podia esperar para comer daqueles pãezinhos maravilhosos que só ele sabia fazer. Escolhi cuidadosamente um vestido vermelho justo, ao qual eu sabia que ele adorava, sendo vermelho sua cor favorita. Com as costas abertas e tiras de pedras prateadas que cruzavam minhas costas. Complementei o visual com sandálias de salto da mesma cor das tiras. Meus cabelos loiros acastanhados estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre meus ombros, passei uma maquiagem leve nos olhos e um batom vermelho nos lábios. Quando desci às escadas, me deparei com Lee me esperando no último degrau, vestido elegantemente em um terno preto, parecia mais atraente do que nunca. Seu olhar carregado de admiração cruzou com os meus e senti meu coração acelerar. Aparentemente esse homem jamais perder
Os dias de recuperação de Lee se seguiram lentamente, deixando-o cada vez mais impaciente. Ele não suportava mais ficar confinado dentro de casa e enquanto ele se curava, eu observava sua frustração crescendo, entendendo perfeitamente sua inquietação e tentando lhe dar apoio, sabendo que minha companhia era a única coisa que o mantinha nos trilhos, seguindo estritamente as ordens que recebemos do médico.Jun, por sua vez, havia resolvido a questão com a Yakuza e deixado claro que qualquer tentativa futura de atacar o líder deles teria consequências graves. Eu admirava a atitude de Jun, pois sabia que seu orgulho não permitiria que ele deixasse impune qualquer afronta à sua família. Era um lembrete de que a fraqueza não era uma opção.Lee não protestou, sabia bem como Jun era e que seu orgulho não o permitiriam esquecer isso tão cedo. No entanto, eu me sentia culpada, por saber que ele havia feito tudo isso apenas para me manter com ele, pelo amor que sentia por mim.À tarde, decidi aj
Eu estava sentado na grande mesa da sala de reunião na casa de meu pai, Jun sendo o meu braço direito estava sentado ao meu lado e todos os outros Dai Lo, inclusive o novo membro. Informei a todos sobre a situação da organização e os negócios que cederia para a Yakuza, e embora muitos não tivessem gostado, todos tiveram que aceitar. Inclusive meu querido primo que olhava para Jun como se fosse comê-lo vivo e certamente não ajudava que meu amigo ficasse com um sorriso débil e provocador nos lábios encarando-o. No fim de reunião falei com Jun, pedindo que ele organizasse tudo para que as negociações fossem feitas corretamente e enquanto isso eu iria até a casa de Enrico para falarmos sobre a sua parte do acordo e tratar dos detalhes. Paola, que agora tinha um telefone celular, me informou quando liguei que Mei já havia ido embora e então entendi o porquê Jun levantou tão cedo esta manhã, provavelmente a fim de evitá-la. E agora eu entendia melhor seu mau humor e porque parecia tão pre
Eu estava exausta depois da festa, que terminou tarde da noite. Meus pais foram embora pouco antes de terminar, pois minha mãe estava cansada e meu pai ficou mais do que feliz em atender seu pedido. A energia vibrante do evento ainda percorria meu corpo enquanto eu adentrava o quarto, levemente zonza por ter bebido um pouco demais no after com Jun e Mei após todos terem ido embora. Ela, a propósito estaria voltando para sua casa em Chicago no dia seguinte, pelo visto ela e Jun haviam decidido ficarem afastados um do outro, o que tanto eu quanto Lee duvidamos que fariam por muito tempo.Cambaleei para a cama e tirei minha sandália, Lee vinha logo atrás, fechando a porta atrás de si. Ele me olhou de cima para baixo com aquele olhar faminto que eu já conhecia bem. Me coloquei de pé e joguei os cabelos de lado, em um convite para que me ajudasse a despir o vestido.- Mei vai embora amanhã. – falei e sua resposta foi apenas um grunhido de confirmação. – Jun e ela pareciam estar bem.- Acho
Último capítulo