Irina Luzhin
Ele ainda estava ali. No mesmo lugar. Como se o peso do mundo tivesse se depositado sobre os ombros dele nos últimos vinte minutos e ele tivesse desistido de tentar sustentar.
Daniel Luzhin, meu irmão. O mesmo que quase destruiu com uma foda rápida aquilo que a nossa família levou décadas para construir.
Eu observei em silêncio, braços cruzados, encostada no batente da porta. Ele tinha tirado a camisa completamente agora, e andava de um lado para o outro do escritório como um leão acuado. As veias pulsavam nos antebraços, e cada respiração vinha curta, contida. Ele não dizia nada. Ainda estava mastigando minha ameaça como quem mastiga cacos de vidro.
“Você tem uma semana.”
Uma semana para escolher uma noiva. Uma mulher. Uma parceira. Uma algema, se quisesse encarar assim. E, se ele não escolhesse, eu escolheria.
Por mais que ele fingisse certa indiferença, eu sabia que ele tinha me ouvido. Porque Daniel — mesmo que odiasse admitir — sabia que em grande parte dos momentos