Se endireitando na cadeira, Hector passa a mão no queixo, alisando a barba rala que havia feito pela manhã. O gesto é lento, quase programado. Enquanto faz isso, lança um olhar firme para Ava, com o maxilar travado, claramente ofendido com o tom exigente dela.
— Vejo que você não perde tempo mesmo, hein? — ironiza, engolindo em seco.
Mantendo a expressão fria, Ava cruza as pernas e diz:
— Já perdi quase dois meses da minha vida. Acha mesmo que eu deveria continuar do jeito que estava?
— Não, claro que não — ele responde, inclinando-se um pouco à frente — mas se não fosse pela minha ajuda, você teria perdido mais do que isso.
O tom provocativo dele é direto, certeiro. E ela sente.
Ava estreita os olhos, esfregando uma mão na outra, como se estivesse segurando a resposta com força, escolhendo cada palavra com cuidado.
— Não me diga… — começa, com a voz baixa — que agora vai querer aplausos por ter me tirado de uma situação que você ajudou a criar.
Hector solta uma risada seca, sem humor.