KESIA MUNIZ
Abri os olhos devagar. Minha respiração saia com dificuldade.
Me sentia fraca e incapaz de mover um dedo se quer. Tentei levantar, mas minha cabeça girou me obrigando a deitar na cama macia novamente.
O que aconteceu?
— Que bom que acordou.
Fellipo.
Olhei para o canto do quarto e ele estava sentado, pernas cruzadas e um cigarro pendendo dos lábios grossos.
Fazia um tempo que não o via de perto, que nossos olhares se encontravam.
Ficamos em silêncio, um estudando o outro.
Podia sentir sua fúria daqui, os olhos cinzas escuros, com a pupila tão dilatada que quase tomava conta da íris inteira.
— Veja no que sua teimosia resultou.
Ao ouvir suas palavras duras, um lampejo de memória se acendeu na minha cabeça.
Meu filho.
O tiro.
Um nó se formou na garganta. Meu coração afundou no peito.
Meu filho. Levaram meu filho.
Puxei com força os fios conectados ao meu pulso, ignorando a dor, afastei os lençóis que cobria minhas pernas.
Estava vestida com aquelas camisola