O vento frio cortava o silêncio da madrugada no setor industrial leste, carregando consigo o cheiro metálico de ferrugem e umidade. Aquele era o tipo de noite que parecia presságio: o ar pesado, o breu absoluto, o silêncio interrompido apenas pelo som distante de um cachorro uivando em algum ponto da cidade.
O galpão abandonado erguia-se como um gigante sombrio, com suas paredes descascadas, as janelas quebradas e o portão de ferro enferrujado que rangia com o soprar do vento. À distância, a luz fraca de um poste lutava contra a escuridão, projetando sombras distorcidas que se alongavam pelo asfalto rachado.
Por dentro, o ambiente era sufocante. A única lâmpada pendurada no teto iluminava mal o espaço amplo e vazio, criando mais sombras do que luz. O cheiro forte de po