Pablo Ortega
Aquela manhã estava mais silenciosa que o habitual. A casa parecia respirar em um compasso mais lento, como se até as paredes compreendessem que havia algo fora do lugar.
Desci as escadas com as mãos nos bolsos, o olhar atento, e o coração apertado. O sol filtrava-se timidamente pelas janelas da sala, projetando sombras longas no chão de madeira encerada. As cortinas dançavam levemente com a brisa, mas nem mesmo a beleza suave daquela manhã conseguia abrandar a inquietação que me consumia.
Mais uma garrafa havia desaparecido.
Abri meu bar particular naquela manhã apenas por rotina. Não tinha intenção de beber, Nicole havia me convencido a deixarmos a