CAPÍTULO 3 RANGEL

Após tentar descansar, coisa que não consegui mais, os dias tem se passado, a tal da Lira não me procurou e nem eu a ela, é muito dinheiro para ir para um orfanato, me pergunto a todo instante se devo procurá-la para propor um acordo entre nós uma espécie de manual de sobrevivência até porque um ano, não é um dia.

– E aí Rangel vai deixar toda aquela herança para um orfanato.

– Você como meu melhor amigo e conselheiro você está péssimo, para você é fácil colocar uma mulher desconhecida debaixo do mesmo teto, vou ter que apresentá-la a sociedade, como se a amasse, mas, na verdade, mesmo a odeio.

– Faz um acordo entre vocês, se ela não for uma gata-borralheira fará umas aulas de etiqueta e tudo sairá perfeito, no meio das pessoas é só tratá-la com amor e carinho e em casa viver como amigos.

Foi só ele calar a boca, o telefone começa a chamar o Will avisando que o tempo está se esgotando, ele fala que o meu orgulho atrapalha tudo.

Respiro fundo, preciso do endereço daquela mulher, Silvio entra em contato com Will e manda por mensagens o endereço da sonsa, vou para a empresa trabalhar, olho inúmeras vezes para o endereço que é uma periferia onde ela mora, sempre tive uma ganância pela herança do meu avô, será que vale a pena se sacrificar tanto, um ano, um ano.

Olho para a foto da minha esposa, essa sim é a mulher da minha vida, mas para vingar o que aquele velho fez com o meu pai, casarei com essa mulher mesmo sabendo que isso tudo é uma armação dela com aquele velho para dificultar que essa herança chegue até a mim, mas não deixarei barato para ela que ousou aceitar esse plano sujo.

O motorista me espera, lhe digo o endereço que quero ir, quando ele começa a entrar nos bairros estranhos, entramos na rua indicada, desço do carro, observo que vizinhos ficam atentos a minha chegada querendo saber de quem se trata, bato palmas e um senhor de idade atende a porta.

– Boa noite, deseja falar com alguém?

– Sim Lira.

– Ela não está.

Ele me observa atentamente. 

– O que quer com a minha filha? Lira é uma moça de família e nunca nenhum homem veio atrás dela na porta de casa.

Naquele momento fiquei sem reação, só falta ele dizer que ela é virgem e inocente, quando ia abrir a boca Lira, apareceu bem na hora.

– O que esse homem quer com você Lira? Homem nenhum andou aqui lhe procurando o que está acontecendo fale logo.

— Ele é.

— É desembucha logo.

— Namorado, ele é o meu namorado.

— É casado, pois nunca trouxe ele para apresentar a sua família, pelo menos a mim não.

– Pai é recente, por mamãe não estar presente, preferi adiar trazê-lo aqui, mas Rangel está muito apaixonado por mim e decidiu vir conhecer vocês.

Quando ela fala que estou apaixonado por ela me dá vontade de dar um murro na parede, aquele velho acabou com a minha vida.

– Rangel é o seu nome, tenho olhos muito atentos, sei que não é do nosso meio, afinal quais são as suas verdadeiras intenções para com Lira, sei que se trata de um homem rico.

– Casar, quero me casar com Lira, sei que a senhora desta casa não está no momento, mas quero pedir a mão da sua filha em casamento.

Não sei de onde tirei tanta força, para dizer que ia casar com essa impostora.

– Está grávida Lira? Para se casarem assim sem mais nem menos, mal começaram a namorar e já querem casar.

– Não estou grávida, papai, não pense isso de mim.

– Se é de ver o meu nome e da nossa família na lama, é melhor aceitar.

– O que o senhor está insinuando papai que sou uma qualquer é isso.

– Esse homem tem dinheiro, o que quer que eu pense, Lira! Que esse homem te ama, olha para você, ele te comprou, e depois vai descartá-la, agora pegue as suas coisas e vá embora daqui com ele, não quero filha vagabunda de baixo do mesmo teto que eu, se casem mesmo, pois não quero sujar a única coisa digna que temos que é o nosso nome.

– Senhor Lira será a minha esposa, assumirem ela.

– Você é rico, e moças como Lira são iludidas pelo seu dinheiro, não duvido nada que ela seja somente a sua amante.

– Não admito que fale assim comigo, papai.

– Vai embora.

Que família é essa que costumes são esses da família da Lira, a única coisa que posso fazer por ela é levar ela comigo e assinar esse bendito contrato amanhã mesmo, ela chora copiosamente, o velho pai dela, nos deixou sozinhos.

– Se você quiser ir comigo, se apresse, pois não tenho todo o tempo do mundo.

– Para onde me levará?

– Para a minha casa, para onde mais seria, minha vida está um inferno depois que você ousou atravessar ele.

– Preciso me despedir dos meus dois irmãos.

Ela sobe para buscar as suas coisas, e se despedir dos irmãos, a casa dela é muito simples, são uns pobres coitados e ainda orgulhosos, isso só reforça a desconfiança de que ela agiu com o meu avô para conseguir dinheiro.

Ela desce com os olhos inchados de chorar, a trouxe para a minha casa. Lira quando desce do carro olha tudo ao seu redor, parece admirada com tudo o que ver. A minha filha aparece correndo vindo até nós. 

– Papai, essa é a minha nova mamãe, a minha babá foi embora me deixando sozinha.

– Nina Lira irá passar muito tempo conosco, agora vem com o seu pai.

– Por que ela está chorando?

– Não sei.

Tenho que tentar manter a duas menos próximas possível, Nina é muito carente de afeto feminino e isso pode me prejudicar, mandei a governanta preparar o quarto da Lira, deixei Nina se alimentando e fui chamá-la para guardar as suas coisas, respiro fundo para tentar assimilar esse pesadelo que está a minha vida.

– Aqui está o seu quarto, se precisar de algo, peça a Nilva que ela seja a governanta da casa.

– Não sabia que tinha uma filha.

– Se afaste dela, não quero ela muito perto de você.

Saio a deixando ali sozinha e vou para o meu escritório, preciso agilizar esse maldito casamento, ligo para o Will avisando que Lira já está morando aqui comigo e peço a Silvio para organizar o casamento ainda para essa semana

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