Capítulo 10 — Quando a Verdade Mata
Lara acordou com a sensação de que algo estava errado.
Não foi um som. Nem um sonho. Foi o corpo. Um aperto no peito, como se o ar tivesse ficado mais denso durante a noite. Estendeu a mão para o telemóvel ainda antes de abrir totalmente os olhos.
Três chamadas perdidas. Hospital.
Sentou-se de repente, o coração aos saltos.
— Não… — murmurou, já a levantar-se.
Saiu do quarto a correr, descalça, o chão frio a acordá-la por completo. Rafael estava no escritório, de costas, ao telefone. O tom da voz dele era baixo, perigoso.
— Repete isso — disse. — Devagar.
Ele desligou no instante em que a viu.
— O que aconteceu à minha mãe? — perguntou Lara, sem rodeios.
— Ainda não sabemos tudo — respondeu ele. — Mas alguém tentou aceder ao processo clínico dela esta noite. Sem autorização.
O mundo pareceu inclinar-se.
— Como assim tentou?
— Pressão administrativa. Chamadas. Um pedido informal para transferência de unidade — respondeu Rafael. — Bloqueei tudo.
Lara