CLARA
A luz fraca das telas dos nossos laptops era a única fonte de iluminação no vasto porão.
O interfone tocou, e eu o atendi de imediato.
— Recebemos outra denúncia, Clara. — Informou ela com a calma de sempre.
— Envie para cá. — Respondi, abrindo a aba onde recebíamos mensagens e chamadas anônimas.
— Adolescente e mãe abusados, endereço anexado. Urgente. — Ela resumiu, enquanto a mensagem aparecia na tela.
— Obrigada! — Disse, pegando a mensagem. — Vou repassar para a equipe de resgate.
Eu revisei o endereço antes de ler a longa mensagem que alguém provavelmente digitou às pressas.
O texto vinha de um garoto de treze anos, que fora forçado a pedir ajuda porque sua mãe, desempregada, tinha medo de abandonar o padrasto abusivo. O padrasto estava fora do estado, e eles precisavam de ajuda antes que ele voltasse naquela noite.
Rapidamente, transferi os detalhes para o nosso chat seguro, marquei como alta prioridade e enviei para a equipe de resgate.
Eu estava na casa de caridade havia