-POV: Artemísia-
Um tímido raio de sol atravessou a fresta da minha tenda, tocando meu rosto com delicadeza. Acordei devagar, como quem não quer abandonar o abrigo dos sonhos. O corpo ainda pesado, a mente tentando se agarrar ao silêncio.
Mas o peso voltou. A lembrança. A missão.
Abri os olhos por completo. Não havia mais espaço para preguiça.
Levantei com rapidez, vestindo-me com movimentos apressados, quase mecânicos. O tecido áspero da túnica freyana roçou minha pele, me lembrando que eu não pertencia àquele lugar, não de verdade.
Saí da tenda.
O Refúgio já estava desperto. Freianos caminhavam entre as construções de pedra e madeira, carregando ervas, limpando instrumentos, entoando cânticos suaves. Cada um parecia saber exatamente o que fazer.
E eu… Eu era a única sem um papel. Uma peça solta. Deslocada.
Foi quando a vi.
Uma garotinha de pele escura como a noite sem lua, os olhos pretos como jabuticaba e cheios de vida. Ela caminhava com leveza, como se o mundo fosse feito de músi