Capítulo 43
Ruby Lucchese
O silêncio me envolveu como um manto. Encostei na porta ainda trancada, ouvindo os passos de Nicolai se afastando, cada som uma ferida mais profunda. Não havia mais gritos, apenas o eco da minha própria dor.
As lágrimas estavam ali, presas, queimando os olhos, mas eu não permiti que caíssem.
Porque Ruby Lucchese pode até sangrar…
Mas nunca diante do inimigo.
E Nicolai era exatamente isso: alguém do outro lado da linha que separa quem constrói de quem destrói.
Caminhei pela escuridão do meu quarto e, depois, saí pelo corredor sombrio. Passei pela porta de Ônix, abri devagar, o suficiente para vê-lo dormindo com o gorro novo que cobria a ausência dos fios que o câncer levou. Mas não sua força. Essa, ele herdou de mim.
Fechei a porta com cuidado, recostei-me na parede e fechei os olhos.
Deixei que a dor me atravessasse em silêncio.
Não peguei o celular. Não pedi ajuda.
Alguém mandava mensagens. Vi a tela acender, mas não toquei.
Eu não precisava de consolo.
Não