Leonor desceu as escadas da mansão com o mesmo ar de calma estudada de sempre, cada passo dando a impressão de que ela estava se movendo em câmera lenta, como se quisesse prolongar aquele momento de liberdade. Vestia um sobretudo de lã clara, que flutuava suavemente em torno dos seus tornozelos, e um lenço de seda azul em volta do pescoço, que contrastava de maneira marcante com seus cabelos escuros e brilhantes. O motorista, um homem de expressão neutra que conhecia bem o jogo aquilo que estava prestes a se desenrolar, a aguardava em silêncio, e antes que ele pudesse abrir a porta, ela murmurou, quase inaudivelmente, para si mesma:
— Vou ao médico, verificar os pontos.
A mentira soava quase elegante em sua voz fria, como se estivesse recitando um verso de um poema distante. Era uma frase que escondeva as camadas de um drama interno, um desejo pulsante por liberdade longe do olhar severo e controlante de Dean. Minutos depois, o carro estacionava em frente