olho por olho, dente por dente. uma máxima antiga que tinha passado de geração pra geração sem que a gente soubesse de onde veio. era a história da minha vida.
as luzes da casa estavam apagadas, mas eu não poderia acendê-las nem se quisesse. eu mal tinha voltado do posto de saúde, onde tinha ficado desde o dia em que fui pego pela milícia. ainda sentia o efeito das drogas. estava dormente.
eu já deveria saber que nas províncias ninguém estava livre do passado. na minha juventude, anos atrás, eu tinha cometido um erro, e minha invalidez servia não só pra me impedir de repeti-lo, mas pra me deixar marcado. uma reputação ruim podia perseguir um homem à ruína. ninguém tinha investigado nada. uma vez criminoso, criminoso até a morte.
agora eu chorava num canto da sala. já não podia limpar o rosto. estav