Finalizei a ligação ao lançar o celular sobre o sofá, segui meu trilho até a porta e girei a maçaneta com um misto de muita coisa incitando minhas veias. Movimentar a madeira nunca havia sido tão angustiante, desejoso.
Desuni e, ele verdadeiramente estava ali. Os braços apoiados no batente, cabeça baixa, mas ergueu-se lentamente até que seus olhos se unissem aos meus. Estáticos, permanecemos nos conectando com o contato, intenso, ferido, magoado, nosso encontro de almas.
Procurei no milésimo de segundo colher tudo que pude e era inevitável não perceber seu aspecto magro, seu rosto mais fino, havia uma sombra escura embaixo das pálpebras e me identifiquei com a feição, dias anteriores ao conseguir me encarar no espelho, encontrei os mesmos sinais. Inspirei, ele também. Sorri, ele também. Ao passo que tudo à frente se tornou emba&ccediFesta de aniversário de casamento dos pais de David Queen.A orquestra parou de repente e, no mesmo instante, palmas invadiram o som até então harmônico, não eram aplausos, lamentavelmente, eram somente duas mãos se chocando vis, fúnebres, duras. Girei na direção da entrada ao mesmo tempo em que segurei a mão fria de David, um arrepio correu minha espinha logo que cruzei com os olhos do diabo. Ele sorria de canto enquanto saudava os convidados, desfilando entre os corpos como o astro que sentia ser. Seus passos cravavam em linha reta, sem desvio, nós éramos seu destino.Impossível não se alterar, meu todo gritava por socorro e, mesmo se houvesse uma saída estratégica a qual pudesse escapar, David não permitiria, seus dedos esmagavam os meus, fundindo-se, álgidos. Houve três oportunidades para eu evita
— Calma, David. — Ele soltou minha mão e voltou-se com os olhos vermelhos, furiosos. Não, nem em sonho partiria do escritório sem ter conhecimento desse fato. — O que houve, David? Eu quero saber.Ele inspirou fundo.— Aurora, isso não é problema seu — Sara afirmou.— Talvez não fosse mesmo — rondei cada olhar pávido do ambiente —, mas agora é, sei que tem um segredo, desculpe… David, quero saber por você.— Fale, David… — Nicholas afrontou. — Fale, seu traidor…— Seu desgraçado. — O avanço fatal aturdiu o movimento, vi Sara cobrir a boca e Robert perpassar na direção. — Maldito…Um soco, outro e outro… golpes trocados.Retirei a sandálias e corri na tentativa de deter o massacre. Mútuo.— Pare, David,
Tempos antes...— David, qual o seu problema?Perdi o ar quando através dos vidros escuros avistei o jatinho — que para mim não passava de um aterrorizante convite para o desespero —, olhei aflita antecipando sua entrada, um longo tapete vermelho indicava o caminho.— Amor, como seria possível ir a Nova Iorque… — Quê? Nova Iorque? Juro, o choque me calou. — De trem?— Deus, você é maluco.Um dos seguranças abriu a porta e me pus para fora. Admito, senti- me parte da família real com toda aquela proteção, estávamos cercados por seguranças, armados e alertas como se protegessem o presidente. Provavelmente os dias de cativeiro o fizeram diferente, acredito que toda essa cautela refletia no quanto aqueles momentos agonizantes transformaram sua rotina (sua vida). O estado grave em que David deu entrada no hospital foi o relato físico da tortura, da desumanidade daqueles bandidos, da monstruosidade sem limites do d
Desembarcamos em Nova Iorque, logo a temperatura arrepiou a minha pele, David não permitiu que trouxesse uma mala, mas providenciou roupas que vestiriam um país inteiro assim que nos acomodássemos no hotel mil e uma estrelas. O período na cidade dos sonhos seria curto, porém o suficiente para um tempo só nosso, como eu disse, uma pausa do mundo real. Fora isso, ele teria duas reuniões que não fez questão de priorizar, ordenou que sua assistente desmarcasse, gerando muita dor de cabeça para a coitada da Valéria.Entre as peças escolhida a dedo por ele, uma em especial, a que vestia naquele instante paralisou-me diante do espelho — o tom escarlate coloria o tecido de seda, num caimento justo que marcou cada curva da minha silhueta. O comprimento tocava o chão com elegância, o vestido era o sonho de princesa, algo surreal.— Você está linda! — A rouquidão na voz moveu meus ombros.— Muito linda!David segurou minha cintura e nosso reflexo se formou ali. Ele
Não demorou nada e um blecaute inebriou tudo, para que canhões colorissem a entrada dos atores e bailarinos, a primeira canção foi Grease e depois de algumas cenas de atuação Summer Night. Olhei para David com um sorriso enorme no rosto, fiz uma careta engraçada e voltei para o espetáculo regado por champanhe. Por mais que tentasse descrever, não seria possível, era magnífico — a sincronia dos atores, as coreografias e o romance entre Danny Zuko e Sandy Olsson, soando em notas musicais e acordes, era lindo testemunhar o colegial dos anos 70, a gangue dos garotos T-Birds com suas jaquetas de couro liderados por Zuko e a turma das garotas Pink Ladies, nem piscava com medo de perder algum detalhe, cantava baixinho cada canção, eu conhecia todas. Durante a apresentação os atores fizeram algumas referências a nós dois, eu suspirava como uma boba, sorrindo para eles.
Ele estava me provocando.Se dependesse de mim, aquela limusine tinha pegado fogo, era penoso manter as mãos longe do David, desejava tocá-lo, montar nele e cavalgar até o suor cobrir nossa pele, porém, não eram seus planos por ora, sei lá o que a criatura planejava ainda para aquela noite, que só permitiu carícias safadas, quando meu corpo queimava pelas piores sacanagens indecentes do mundo. Entendo que devia estar em suspiros românticos após o pedido de casamento mais incrível do universo, só que estava excitada, nervosa, precisava liberar aquela tensão, aquele conflito interno, ou em todo caso iria explodir.— Vamos para o hotel? — indaguei como uma criança teimosa pela décima quinta vez desde que entramos no carro, guiado por John.O desgraçado me olhou teatralmente pensando no caso.Argh!— Talvez...—
— Não tem necessidade desse ciúme todo, o garoto..., você está estragando tudo.David desesperado me abraçou contra seu peito, coração batendo forte, respiração oscilante, o que estava acontecendo com ele?— Não sou alguém controlado com outro homem assim tão perto, desculpa, meu amor, não quis ser grosseiro.— Só estávamos conversando, eu juro. Ele afundou meu cabelo com um beijo.— Eu sei, eu sei, eu confio em você.Ele me soltou por um segundo e olhou ao redor, haviam poucos corpos ali, o pianista que ainda executava brilhantemente sua função, John e mais uns três seguranças.— Senhores, vocês podem nos deixar a sós — ordenou e prontamente houve movimentação na direção da porta. — John, ninguém entra — incisiv
Perdi o momento que David tirou o terno, porque quando fui erguida por ele e consegui sustentar meu corpo no salto, a camisa justa era o que cobria seu tórax musculoso, músculos esses que conhecia muito bem, minha língua lambeu cada contorno daquele peitoral. Dei uma avaliada demorada no material sexy, travando os olhos no cós da calça, ele riu sacana, depois destravou o cinto, pôs para fora a camisa e abriu o único botão da calça. Hum, ia cavalgar ali, inevitavelmente eu ia. Um passo curto nos uniu, portanto, despreguei o primeiro botão da sua camisa, liberando os demais em tempo recorde. A respiração quente de David vadiava meu pescoço e seus olhos febris me condenando lascivos ao pecado.— O que quer fazer, amor?— Cavalgar no seu pau, amor.Respiramos juntos o tesão que exalou. Obviamente que podíamos subir para o quarto, porém, sempre h