O excesso de proteção havia passado dos limites, entendo o receio, o descontentamento, contudo ser tratado como criança não ia me salvar de nada. Resistiram, ao ponto de eu ser ríspido, dar as costas e bater a porta. Parecia que eu caminhava em direção à forca quando revelei meu destino. Naquele momento, questionei algumas atitudes — minha família estava obsessiva demais.
Quando o investigador estacionou em frente ao prédio, um mar de recordações me recebeu. Aurora e eu vivemos momentos inesquecíveis que pareciam uma vida somados pela felicidade em cada detalhe. Recebi aquela sensação gostosa antes de chamar o porteiro, seu Beto, o homem me atendeu com gentileza liberando minha entrada já autorizada pelo convívio que tinha no local.
— Aguardo você aqui — Athos avisou e escorou no carro.
Da portaria até a descida no
— Algum problema? — Ela se preocupou em saber.— Ainda não estou 100%.— Acalme-se, menino. Ignorei a dor.— Não vou permitir que a Aurora seja prejudicada. Você tem a minha palavra, Ana.— Não precisamos mais de nada que seja relacionado à WUC, David — Ana declarou, sisuda. — Portanto, não será necessário que se preocupe com isso. A sua família protegeu você quando achou que devia, agora estou protegendo a Aurora.— Onde ela está? Precisamos conversar.— Não há nada para ser conversado.— Como assim? Eu amo a Aurora, jamais pensei em desistir dela por conta de tudo aquilo. Permita que eu fale com ela, sei que podemos…— Não! A Aurora não mora mais no Brasil, fiz o impossível para tirá-la desse inferno que quase a levou a uma depress&a
Los Angeles, Califórnia, EUAO táxi estacionou em frente ao alojamento da University Communication Training, girei o corpo capturando toda a paisagem ao redor, e mesmo moída da viagem desejei caminhar pelo campus e conhecer tudo. As aulas já estavam em andamento, com isso havia muitos estudantes circulando pelo gramado.Era contagiante o cenário. Igual a filmes que assistimos na Netflix: faculdade americana, quarterback, líderes de torcida, todo o embalo fantasioso.Caramba… as garotas eram gatas mesmo. Curvei os lábios quando três líderes passaram por mim.— PORRAAAAAAAAAAAAAAAA, ESTOU NOS ESTADOS UNIDOS DA AMERICAAAAAAAAAAAAAAAAA, CARALHOOOOOOOOO!!!Não resisti e gritei em português no meio da porra toda, e foda-se se me julgaram maluca.Eu estava na gringa e segundo o ditado:Os fins… eles… justifica
Um tempo depois...O tempo passou depressa, as burocracias da universidade, a interação com a turma, a nova localidade — meu inglês que pensava ser top, mas era uma merda —, me tornaram uma pessoa prática e ligada no 220w. Não tinha espaço para pensar, somente agia guiada em produzir, evitando lembranças que me fizessem chorar. Estava obstinada em preencher todo o meu tempo, com isso, entreguei alguns currículos nas lanchonetes locais, ganhar uma graninha para as principais necessidades ia aliviar as despesas de dona Ana. Falando nela, todos os dias sem descanso nos namorávamos por chamada de vídeo, ela chorava, eu também, e a saudade nunca bastava.A UCT tinha um nível excelente de ensino, e eu sofri na pele a mudança brusca de rotina. Desvincular do aprendizado no Brasil e começar do zero me custou muitas noites de sono. Meu plano de aula era pesado, ora manh&
Como duas felinas perigosas, fomos a um barzinho próximo à praia. Pop's Drive, o lugar conhecido como a perdição dos estudantes, era muito aconchegante, dançante e a brisa que vinha do mar completava a sensação. Fui azarada por vários carinhas, assim como Melissa, pois se íamos curtir, tínhamos que arrasar no look. Colocamos vestidinhos soltos e curtos, rasteirinhas delicadas, uma maquiagem leve, porém com um delineado incrível e colorimos a boca com vermelho — a cor da paixão. Provamos vários drinks diferentes enquanto rapazes do time de futebol nos devoravam como um prato farto de carne. Ignoramos cada flerte e somente curtimos a noite, o ápice foi quando pedimos tequila, aí danou-se tudo.Nem sei como conseguimos chegar em casa, mas minha consciência voltou quando me vi jogada no sofá, com Melissa ao meu lado.— Bebemos demais&hell
Ao som de We found love, da Rihanna, corri pelas calçadas largas das praias de Los Angeles recebendo naquela manhã uma energia mágica que contagiou todo o meu dia. Em casa, preparei um arroz com legumes e frango, comida de verdade, made in Brasil, faltou o feijão — como sentia falta de feijão fresquinho.Viver nos Estados Unidos não me proporcionava uma alimentação saudável e decidi mudar isso naquele início de semana. Durante o preparo, em uma chamada de vídeo papeei com a Raica, rimos, choramos e por pouco não encerrei a ligação, visto que todos os outros amores — Lucca, Renan e Théo — apareceram no fundo da chamada. Não segurei a emoção, a saudade e muito menos o choro.Tornei-me uma chorona incurável.— Tudo bem? — Melissa chegou de repente e flagrou meu momento nostálgico. — Porque está
Por sorte o evento foi dinâmico, então pude concluir todas as etapas rapidamente e designar um novo itinerário para o motorista, voltaria para Nova Iorque, pela manhã havia compromissos que necessitavam da minha estada. E se caso a Valéria me colocasse em outra furada, estaria demitida, sinalizei-a por mensagem. E a filha da mãe riu por meio de emojis, veja só, estava sem moral até com a minha assistente.Relaxei no assento, o carro percorria as ruas belíssimas de Los Angeles, me deixei fascinar pelo mar iluminado, a brisa que embalava os grandes coqueiros e tudo de belo e exótico que a paisagem me oferecia. Inevitavelmente, meu peito apertou com o aviso do que minha mente forçou em recordar, viajei nos próximos segundos em detalhes inesquecíveis da linda garota. Até meu celular vibrar, relutei em atender, contudo o Ruben nunca me importunou, se ligava era importante.&mdas
Finalizei a ligação ao lançar o celular sobre o sofá, segui meu trilho até a porta e girei a maçaneta com um misto de muita coisa incitando minhas veias. Movimentar a madeira nunca havia sido tão angustiante, desejoso.Desuni e, ele verdadeiramente estava ali. Os braços apoiados no batente, cabeça baixa, mas ergueu-se lentamente até que seus olhos se unissem aos meus. Estáticos, permanecemos nos conectando com o contato, intenso, ferido, magoado, nosso encontro de almas.Procurei no milésimo de segundo colher tudo que pude e era inevitável não perceber seu aspecto magro, seu rosto mais fino, havia uma sombra escura embaixo das pálpebras e me identifiquei com a feição, dias anteriores ao conseguir me encarar no espelho, encontrei os mesmos sinais. Inspirei, ele também. Sorri, ele também. Ao passo que tudo à frente se tornou emba&ccedi
Festa de aniversário de casamento dos pais de David Queen.A orquestra parou de repente e, no mesmo instante, palmas invadiram o som até então harmônico, não eram aplausos, lamentavelmente, eram somente duas mãos se chocando vis, fúnebres, duras. Girei na direção da entrada ao mesmo tempo em que segurei a mão fria de David, um arrepio correu minha espinha logo que cruzei com os olhos do diabo. Ele sorria de canto enquanto saudava os convidados, desfilando entre os corpos como o astro que sentia ser. Seus passos cravavam em linha reta, sem desvio, nós éramos seu destino.Impossível não se alterar, meu todo gritava por socorro e, mesmo se houvesse uma saída estratégica a qual pudesse escapar, David não permitiria, seus dedos esmagavam os meus, fundindo-se, álgidos. Houve três oportunidades para eu evita