Tempos antes...
— David, qual o seu problema?
Perdi o ar quando através dos vidros escuros avistei o jatinho — que para mim não passava de um aterrorizante convite para o desespero —, olhei aflita antecipando sua entrada, um longo tapete vermelho indicava o caminho.
— Amor, como seria possível ir a Nova Iorque… — Quê? Nova Iorque? Juro, o choque me calou. — De trem?
— Deus, você é maluco.
Um dos seguranças abriu a porta e me pus para fora. Admito, senti- me parte da família real com toda aquela proteção, estávamos cercados por seguranças, armados e alertas como se protegessem o presidente. Provavelmente os dias de cativeiro o fizeram diferente, acredito que toda essa cautela refletia no quanto aqueles momentos agonizantes transformaram sua rotina (sua vida). O estado grave em que David deu entrada no hospital foi o relato físico da tortura, da desumanidade daqueles bandidos, da monstruosidade sem limites do d