Chand passa a primeira aula me encarando querendo saber por que o príncipe Moonroe, que é como ele se refere ao Luan, estava cheio de cuidados comigo.
Nunca contei ao Chand que quando minha mãe foi para a Matilha Lunação fazer o tratamento de câncer ela me deixou na casa da matilha aos cuidados da Sra. Amaris Moonroe, meu irmão já morava lá e a Sra. Amaris por incrível que pareça era amiga da minha mãe, eu estava com dezesseis anos e meus pais ficaram preocupados em me deixar sozinha em casa.
A Sra. Amaris insistiu que eu ficasse lá, o Luan e a Ayla eram quem conversavam comigo, às vezes fazíamos os deveres de casa ou estudávamos juntos. Consegui ficar apenas alguns dias lá, porque a Ashina começou a me perturbar tanto que não me sentia bem em ficar morando com eles.
Pedi para a Sra. Amaris me deixar voltar para minha casa, ela fazia o Luan me levar algumas refeições e pediu para ligar para ela ou para o Luan caso eu precisasse de algo, meu irmão comprava mantimentos e eu mesma fazia comida e cuidava da minha casa, nunca precisei ligar para eles.
Foram os momentos mais difíceis da minha vida, no fundo do meu ser, sabia que minha mãe não iria se curar, ela realmente tentou por alguns meses o tratamento longe de casa, mas voltou sem ter resultados e acabou morrendo dois meses depois.
A família Moonroe foi ao funeral, menos a Ashina claro, mas até o Alfa Lucian foi por meu irmão ser seu beta. Eu estava tão transtornada que mal me lembro como foi, só lembro que o Luan ficou um longo tempo me abraçando e tentando me consolar. Depois do funeral, não tive mais tanto contato com o Luan, ele ainda me cumprimenta, já faz um ano que perdi minha mãe, ainda sinto muita falta dela, ela era tudo para mim, conversávamos sobre tudo, cantávamos e compartilhávamos tudo, nunca me imaginei sem ela e ainda parece mentira que ela se foi.
Quando percebo onde meus pensamentos me levaram, estou no meio da aula com o rosto encharcado de lágrimas, abaixo a cabeça tentando disfarçar, mas o professor de Moda e Mercado já me viu e pergunta se estou me sentindo mal, mesmo eu negando com a cabeça, ele fala que tudo bem eu ir beber uma água e voltar quando estiver me sentindo um pouco melhor.
Resolvo ir até o banheiro ver qual é minha aparência para que incomodasse o professor. Ao me olhar no espelho, percebo que já estou melhor. Saio do banheiro e dou de cara com o Luan me olhando preocupado e me analisando:
“Você está bem?”. Confesso que toda essa atenção do Luan é legal, mas tenho medo de que as garotas que gostam dele me despedacem só por dirigir a palavra a ele, respondo com sinceridade:
“Sim, eu estou bem! Esses dias tenho sentido falta da minha mãe e às vezes me sinto um pouco triste, mas eu estou bem”.
De repente Luan me dá um abraço, com uma de suas mãos ele segura minha cabeça em seu peito e a outra mão ele segura minhas costas, fico paralisada com o abraço repentino, minha mente viaja ao sentir o calor do corpo dele no meu, eu também quero abraça-lo, também quero segurar as costas dele com meus braços, mas minha mente me deixa completamente travada e me perguntando por que esse homem lindo esta me abraçando, depois de um tempo consigo entender que ele está com pena de mim por causa da minha mãe, e falo:
“Luan está tudo bem, é normal sentir saudades, você também sente do seu pai”.
Ele levanta meu queixo com a mão que segurava minha cabeça e fica me olhando por um tempo, antes de dizer: “Sim, eu sinto, mas eu sei que está difícil para você, seu irmão me contou que vocês duas eram inseparáveis”.
Minhas lágrimas começam a escorrer novamente, mas que droga chorar na frente dele, ele volta a segurar minha cabeça encostando-a novamente em seu peito e alisando minhas costas com suas mãos suavemente.
Percebo que devo parecer infantil aos olhos dele sentindo falta da minha mãe, para ele estar fazendo carinho nas minhas costas e me segurando dessa maneira.
Ficamos assim por um tempo até o sinal da próxima aula tocar, ele me solta, dizendo: “Me procura quando ficar triste, eu vou te procurar também quando eu precisar desabafar”.
Estou tão chocada que só respondo: “Ok”, volto para a minha aula sem saber o que exatamente aconteceu, fico calada o resto da aula, mesmo o Chand tentando me fazer falar.
Tenho que contar para o Chand o que aconteceu naquela hora em que estive fora da sala, então puxo ele para o mesmo lugar de ontem, nosso novo canto atrás das quadras e conto sobre o abraço do príncipe Moonroe.
Chand completamente chocado, me solta um berro: “Bichaaa que invejaaa!!!! Mesmo se eu estivesse em um estado miserável e chorando, eu com certeza aproveitava e agarrava ele pela bunda”.
Não sei se dou risada ou um tapa nele, mas mesmo assim pergunto: “Chand você acha que ele me abraçou por que sentiu dó de mim?
Chand sem nem pensar, fala: “Kathryn não tenho a menor ideia se foi por dó ou por desejo sexual, mas só me fala que você aproveitou essa oportunidade e pelo menos alisou o peitoral dele!”.
Pelo amor da Deusa, conversar com o Chand ou uma cadela no cio é a mesma coisa, então pergunto: “Chand você consegue pensar comigo, por favor?”.
Chand baixa o olhar e responde: “Amiga, é uma ilusão pensar que tem outro motivo que não seja compaixão, mesmo que seja outra coisa, como você vai aguentar a fúria da Hala e suas seguidoras babacas, todo mundo sabe que a Hala é louca de amor pelo Luan, se você ousar se meter nisso, é pedir para sofrer mais do que já sofremos”.
Percebo agora que ele tem toda a razão, por isso ele estava brincando com a situação, para que eu não pensasse muito sobre os motivos que levaram o Luan me abraçar, e na verdade, o que o Luan Moonroe, um alfa, ia querer comigo, a ômega desprezada, o Chand tem razão, não tem porque pensar muito sobre isso.
* POV de Luan *Sempre que vejo a Kathryn, sinto uma vontade avassaladora de abraçá-la, se me perguntassem o porquê, diria que é porque tenho sentimentos profundos por ela, mas não é só sentimentos de amor e paixão, é como se algo mais forte me fizesse querer protegê-la de tudo, ela desperta em mim sentimentos que não consigo entender e isso não parece tão simples em só dizer que estou apaixonado por ela, mesmo sendo essa a verdade inegável, eu sou apaixonado por ela desde os meus quatorze anos, quando a vi no colégio pela primeira vez não conseguia desviar meus olhos dela, e não é só porque ela é linda, tudo nela me deixava em profunda admiração, a voz dela é doce, ela sempre era gentil e amigável com todos, mas o sorriso dela, nossa, o sorriso dela é algo indescritível e me deixa sempre em êxtase.Sempre que estou perto dela sinto seu leve cheiro de morango e chocolate, antes pensava que ela usava um perfume com esse aroma, mas descobri que ela não usa perfume nenhum, claro eu disfa
Quando tínhamos dezesseis anos, a tia Selene teve que partir para a matilha Lunação para fazer tratamento contra o câncer, pedi para a Ayla falar com a nossa mãe para a Kathryn ficar conosco, não conseguia parar de pensar em como ela estava se sentindo triste e desamparada com toda essa situação, não queria que ela ficasse sozinha na casa dela.Minha mãe pediu para tia Selene deixá-la conosco durante o tratamento, que ela estaria bem alimentada e ela dormiria no quarto da Ayla para ela não ficar se sentindo sozinha. Tia Selene concordou e trouxe a Kathryn para a casa da matilha antes de partir.Nunca vou esquecer a dor nos olhos da Kathryn quando ela viu o carro de seus pais partindo, era uma angústia palpável, queria abraçá-la com força e tirar toda a dor dela. Ela ficou pouco mais de uma semana em nossa casa, consegui me aproximar dela aos poucos. Sempre chamava a Ayla e ela para estudarmos juntos na biblioteca e sentava o mais próximo que podia dela. Sentia como se eu estivesse no
Voltamos com as compras, ajudei a descarregar e levar para dentro da casa, foi a primeira vez que entrei na casa da Kathryn, a casa era realmente encantadora e muito bem decorada, a sala de estar tinha uma lareira grande com a televisão fixada nela, um sofá cinza grande, era conceito aberto, olhando de frente víamos a ilha e a cozinha, atrás da cozinha portas francesas que levavam ao quintal e a direita uma escada que levava ao segundo piso.Guardamos as compramos nos armários e na geladeira, consegui conhecer os gostos dela enquanto comprávamos os mantimentos.Olhei ao redor, mas a Katryn não estava em lugar nenhum, assim que acomodamos todas as compras, Lyall me chamou: “Venha conhecer o segundo andar”. Subi atrás dele e ele foi me explicando: “Aquele primeiro quarto é o meu, mas já quase não fico aqui, esse de frente as escadas são dos meus pais”, ele seguiu pelo corredor e disse “Esse é o quarto daquela coisinha chata” se referindo a Kathryn, ele abriu a porta, mas ela não estava
Depois de algumas semanas a tia Selene faleceu, minha família toda foi ao funeral, quando vi o estado da Kathryn não consegui conter as lagrimas, ela estava pálida, com o rosto encharcado de lagrimas olhando para o caixão de sua mãe sem emitir nenhum som, seu olhar estava tão perdido como se tivessem roubado sua alma, não consegui suportar ver o sofrimento dela, a abracei tão profundamente, afundando a cabeça dela no meu peito, passei o outro braço segurando toda a extensão de suas costas com força e disse: “Kathryn, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo”.Ela levantou a cabeça do meu peito, me olhou com tanta dor em meio a lágrimas e me disse: “Tudo que me restou da minha mãe agora são nossas lembranças, nós tínhamos tantos planos e muitas coisas que combinamos de fazer e agora acabou, eu nunca mais vou ouvir a voz dela, nunca mais vou ouvir sua risada, nunca mais vou compartilhar meus dias com ela, nós nunca mais vamos cantar juntas e conversar sobre nossas músicas favoritas, acabou,
Assim que saí da escola naquele dia, fui até a loja, revelei todas as fotos que tiramos juntos, duplicadas, sendo uma cópia para mim e outra para a Katrhryn.No outro dia, cheguei mais cedo na escola e fiquei esperando por ela no portão de entrada, assim que ela chegou, a puxei para o canto ao lado do portão e entreguei o envelope com as fotos que tinha revelado e sem a menor vergonha na cara, falei:“Coloca pelo menos uma foto de nós dois juntos no mural do seu quarto, tá bom?”.A Kathryn me olhou sem entender e com cara de espanto, disse: “Como você sabe do mural de fotos do meu quarto?”.Dei um sorriso largo para ela e respondi: “Esqueceu que fui até sua casa com seu irmão levar os mantimentos para você? Fui com seu irmão até seu quarto para te procurar, você não estava lá, mas vi seu mural de fotos e você não tinha nenhuma foto comigo, achei injusto da sua parte, então resolvi te dar nossas fotos, se até minha irmã pode estar no seu mural, porque eu não estaria nele”.Ela assentiu
Na manhã seguinte a Ayla me acordou bem cedo, e disse que passaríamos na padaria antes de irmos à escola, ela ia comprar uma caixa com seis cup cakes de chocolate, coberto com chantilly e morangos, ela disse que eram os preferidos da Katrhryn, coloquei a caixa com a pulseira dentro da minha mochila e fomos até a padaria, pegamos os cup cakes e seguimos para a escola.Na hora do intervalo, como de costume, Chand e Kathryn sentaram no canto deles na arquibancada, tirei a pulseira da caixa, devolvi a caixa vazia na mochila e fiquei com a pulseira na mão, sabia que a Kathryn não aceitaria um presente, mas o jeito que eu entregaria ela não ia recusar.Aguardei a Ayla chegar no ginásio junto com o Natsuki, assim que eles apareceram, fomos até a arquibancada nos juntar ao Chand e a Kathryn.A Ayla nem deixou a Kathryn abrir a boca, e já foi falando: “Não estamos comemorando nada, só vim aqui dividir essa caixa de cup cakes com vocês”.Assim que a Ayla terminou de falar, me aproximei, peguei
* POV da Kathryn *Após conversar com o Chand e perceber que eu estava pensando demais sobre o abraço caloroso do Luan, decidi não pensar mais sobre isso e focar nos meus estudos.Conforme os dias passavam, o Luan fazia questão de ficar perto, nem nosso cantinho dos excluídos era mais dos excluídos, quando percebemos éramos cinco pessoas em uma rodinha ao lado do muro.Ayla, Luan e Natsuki passaram a sentar conosco nos intervalos.O Chand que só ficava ali para ver os meninos sem camisa, três dias sem o jogo de basquete foi suficiente para ele não aguentar e sussurrou no meu ouvido: “Jesus deve estar achando que sou Jó para testar tanto a minha paciência, bichaaa eles precisam tirar essas camisas para que eu tenha força de vontade para estudar, sério, estou com sintomas de abstinência, olha chego a estar toda tremula, tenho que dar um jeito!”Eu caí na risada, Luan, Ayla e Natsuki sem entender nada, quando o próprio Chand argumentou com os garotos: “Luan e Natsuki vocês não sentem fal
Estávamos tão ansiosos para saber se algumas das oito chaves funcionariam que acordamos uma hora mais cedo para tentarmos abrir o depósito.Às seis e meia da manhã estávamos entrando na universidade, se alguém nos visse pensaria que realmente fazíamos parte da equipe de limpeza dos prédios. Subimos em silêncio para ninguém nos ver.Passei a primeira chave para o Chand, entrou, mas não virou o miolo da fechadura, a segunda chave nem entrou na fechadura, a terceira chave ficou emperrada no meio e tivemos que puxar com força para arrancar, quarta chave entrou, mas novamente não virou o miolo da fechadura, ele coloca a quinta chave, o miolo girou e destrancou a porta.Chand tirou um chaveiro do Hulk do bolso e pendurou a chave, jogando todas as outras chaves inúteis no bolso da frente da mochila.Abrimos a porta devagar, ele tirou uma lanterna da mochila e procurou um interruptor de luz na parede que encontrou perto da porta.O depósito tinha uns trinta metros quadrados, sendo ele utiliza