Narrado por Camila
O sol mal tinha surgido quando Clara entrou no meu quarto com uma caneca de café e aquele olhar cúmplice que eu conhecia desde os nossos quinze anos.
Estava com o cabelo preso de qualquer jeito, vestida com um moletom enorme, o mesmo que costumava usar quando queria esconder o corpo — o que, depois da noite passada, fazia todo sentido.
— Acordada? — ela perguntou, se jogando ao meu lado na cama.
Suspirei, ainda com o corpo dolorido e a mente cheia de flashes picantes.
— Mal dormi. Gabriel… — Sorri sem terminar a frase.
Clara riu, tomando um gole do café.
— Eu imagino. Vocês não foram exatamente silenciosos, sabia?
Corei na hora, escondendo o rosto no travesseiro.
— Ah, não! A casa inteira ouviu?
— Não. — Ela piscou. — Só o necessário.
— Ai, meu Deus. Que vergonha.
Ela riu alto e se ajeitou ao meu lado, ficando de lado, com o queixo apoiado na mão.
— Mas, fala sério… foi bom?
Fechei os olhos por um segundo, revivendo o toque dele, o jeito como me olhou, como disse me