Alcateia

Londres, 1666

O ritmo da Pudding Lane, uma estreita rua na parte oeste do centro de Londres, corria no seu habitual. Os pequenos prédios e casas de madeira se amontoavam num corredor quase medieval, com pessoas andando apressadamente ao seu redor. O movimento no prédio mais alto da rua, onde funcionava a padaria, era intenso. Fornadas saíam praticamente a cada meia hora, com vários tipos de pães. O homem de longos cabelos escuros e olhos astutos, como uma ave de rapina, cuidava de tudo pessoalmente. Suas ordens repercutiam pelas paredes de madeira com urgência.

Thomas Farriner subia agora as escadas de sua residência, cujas instalações ocupavam os dois andares superiores da padaria. A vida sempre começara cedo para ele, mas sua filha não parecia prestar muita atenção a isso.

Mary? – indagou à porta do quarto.

O silêncio permaneceu lá dentro e ele insistiu, acrescentando uma batida na madeira oleosa á fala:

Mary!

Um ruído de colchão de molas e a voz alterada da moça:

O que é papai?

Já está mais do que na hora de você levantar, mocinha!

Ele sorriu junto á porta quando ela protestou:

Mas ainda são sete e meia!

Mas a primeira fornada já saiu há tempos!

Voltou a sorrir e desceu o corredor, parando duas portas depois.

Charles?

Soltou um longo suspiro. O rapaz tornara-se indolente, mal lhe dava ouvidos e ele apenas prosseguiu resignado até a última porta. O seu quarto. O ranger da madeira contra o batente soou e ele entrou na peça escura. As cortinas ficavam fortemente fechadas àquela hora da manhã, já que Jane se recusava abrir seus lindos olhos verdes antes das nove. Ele podia ver a silhueta dos cabelos louros espalhados pelo travesseiro e admirou-os, até pousar seus olhos na pequena mesinha de mogno ao lado da cama, onde uma minúscula caixa de rapé repousava em seu tampo. Uma graciosa caixa de ouro. Não era parte de seus pertences, estreitou as sobrancelhas, esticando a mão na direção do objeto.

Thomas? – Os olhos verdes o surpreenderam tanto por estarem abertos, como por lhe sorrirem àquela hora.

Abandonou seu intento momentaneamente e fixou seus olhos castanhos nela.

Jane, não tive a intenção de acordá-la – desculpou-se, como faria eventualmente.

A primeira fornada já saiu?

Ele a olhou, suspeito. Desde quando ela se importava com isso?

Há algum tempo – determinou receoso. – Gostaria que mandasse lhe trazer o café?

Os olhos corriam dela para a caixinha de ouro.

Não. – Espreguiçou-se longamente. – Sei que tem muito a fazer. Deixe que eu mesma desça e faça a refeição lá embaixo.

Sorriu-lhe com os lábios rubros, numa pintura delicada de tons dourados e luz fraca que o enfeitiçava.

Se prefere assim...

Estava entregue ao hipnotismo presente naqueles jades olhos. A caixinha de ouro não mais importava.

Sim, Tom... – Mexeu os lábios num movimento longo. – Prefiro.

Ele consentiu agitado, corrompido pela força dela até a porta, onde saiu. O leve fechar da madeira, alertando-a para a ausência dele.

Vamos, pode sair daí.

Soltou um longo suspiro enquanto o rapaz louro saía debaixo de sua cama, correndo os olhos pelo aposento e sorrindo ao debruçar-se sobre ela.

Isso está ficando cada vez mais perigoso – segredou-lhe ao ouvido, descendo os lábios pelo pescoço claro. – Devemos limitar essas visitas.

E deixar que você presenteie Mary com minutos a mais? – Fitou-o de forma possessiva.

Não se faça de vítima, mal tive tempo hoje de vê-la – protestou, afastando-se dela e buscando as peças de roupas espalhadas pelo chão de madeira, abaixo da cama.

Por que devo dividi-lo? – respondeu manhosa, roçando o rosto em seus cabelos, enquanto ele calçava as botas. Depois, correu as unhas em seu tórax claro.

Ele fechou os olhos azuis, absorvendo aquele toque intenso. Mulheres casadas eram as piores!

Bem, Joseph… – Ela beijou-lhe o pescoço, sublinhando com os dedos seu abdômen.

Meu tio... – Abafou um gemido quando a mão dela entrou pela calça. – Ele devia me ajudar com certas tarefas, não acha? – Sorriu-lhe cínico, erguendo-se da cama.

Como? – ela disse contrafeita. – Ele chegou a sugerir que voltariam à Irlanda, caso insistíssemos nisso.

O semblante dele escurecia.

Então, terá que se acostumar a ideia de que Mary também precisa de mim.

O louro agora sorria, mas a porta foi esmurrada com força, arrancando-os daquela diversão fingida.

Jane, abra essa porta!

Ela silenciou, trocando olhares significativos com o seu amante.

Jane, eu estou lhe avisando! – um urro partia do lado de fora com mais solavancos da madeira.

Quem acordou todas as mulheres dessa casa juntas? – ponderou, com os olhos verdes fixos nele conforme se dirigia à porta do quarto e a destrava, deixando que a massa de cabelos castanhos entrasse, exasperada.

Eu sabia! – arranhou as paredes, olhando a loura. – Aiden!

Não é o que está pensando – arriscou num sorriso cínico.

E o que estou pensando? – rosnou para ele.

Que não sou um bom homem... – Andou até ela, fazendo-a recuar até os dosséis da cama.

Eu não... – O rosto do louro agora respirava sobre o dela.

Isso é ridículo – cortou a loura. – Sumam da minha frente!

Novas batidas na porta enquanto olhos verdes se chocavam com os azuis, enfurecidos.

Jane?

Charles. – A moça que havia acabado de entrar constatou.

Charles? – O louro e a morena a fitaram, surpresos.

Jane, abra a porta, precisamos conversar sobre ontem... – falou o moço do lado de fora, quase num sopro sobre a madeira.

O que aconteceu ontem entre você e meu irmão? – A morena interrogou Jane, que sorria satisfeita, recém-saída da cama.

Acho que não vai querer saber, Mary – sentenciou Aiden, afastando-a de Jane enquanto recuperava seu casaco sobre a cama.

Não. – Estapeou as mãos que tentavam inutilmente contê-la. – Charles é apenas uma criança, sua pervertida!

Mary avançou para cima de Jane, fora de si, vendo os braços do louro envolverem sua cintura e trazerem-na para seu abraço.

Abra a porta, Jane... – sibilou irritado. Já era para ter saído dali há meia hora. Joseph iria matá-lo, caso pudesse. – Deixe que Charles se explique á irmã.

A loura hesitou e ele prosseguiu:

Ande, Jane. Não temos o dia todo. – Seu semblante estava sério. Aquilo passava dos limites.

A sineta da entrada da padaria tocou no mesmo instante em que a porta do quarto da loura foi aberta. O rapaz de cabelos pretos entrou no aposento, pousando os olhos nas duas figuras que se destacavam da cena.

O que esses dois fazem aqui?

Os três se entreolharam sem respostas.

Decidíamos quem revelaria à Mary a verdade dos fatos – anunciou Aiden, andando pelo quarto. O rapaz se retesou. – E então, Charles? – Estreitou as sobrancelhas em direção ao moreno. – Quer nos dizer algo? – Sem que todos os olhos participassem de seus movimentos, ele trocou de lugar com Charles, colocando-se à porta do aposento, como se tivesse acabado de entrar ali.

Eu ouvi as vozes alteradas das duas... – o rapaz tentou confuso, procurando apoio de Jane, que não o encarava.

Sei... – Os olhos azuis analisavam suas reações, como se nada houvesse para ele próprio explicar. – Então, devemos presumir que estava preocupado com Mary? – Segurou o queixo com uma das mãos, pensativo.

Comigo? – a morena se surpreendeu. – Mas era você e Jane que...

Ela cuspiu as palavras, mas o homem alto e de cabelos castanhos surgiu atrás de Aiden naquele momento, murmurando em seu inglês perfeito:

Perdoem-me se chego em péssima hora... – Deu um sorriso de canto e as duas mulheres se calaram.

Joseph – saldou-o Aiden, os olhos escuros de Charles sobre ele. – Quero dizer, tio... Conhece Lady Farriner e Miss Farriner...

De fato, é um prazer revê-las. – Fez-lhes uma mesura. – Como estão?

O que fazia aqui, Mr. Fitzwalter? – Charles questionou o louro.

Bem, eu... – O louro ia recomeçar a explicação, mas a loura já havia avançado em na direção do outro rapaz e gritava: – Pare de se meter nisso, Charles! Cale-se!

Socou-o no peito, para surpresa de todos. As mãos dele fecharam em seus braços, atirando-a longe, fazendo-a colidir com a parede e desacordar. Os olhos em fúria de Aiden se viraram contra ele, erguendo-o pela gola da camisa enquanto Joseph tirava Mary do quarto.

Seu idiota – bradou com o rapaz entre os dedos, a meio metro do chão. – O que acha que está fazendo?

Solte-me, seu bastardo!

Vai pedir desculpas a ela. – Seus olhos faiscavam, não era um bom indício sentir aquele formigamento. Precisava de sangue.

Desviou os olhos azuis dele.

E o que vai fazer, se eu não lhe obedecer? – Sorriu malicioso. – Vai contar tudo para meu pai?

Os olhos azuis pararam sobre o sangue escorrido nos lábios da loura. Cada célula sua se contorcendo em desejo. Suas veias queimavam... Conheciam os sintomas. Senão saciasse a fome, se transformaria contra sua vontade e ainda não era lua cheia. Seus sentidos aflorados, o cheiro corrompendo-o.

Diga-me, seu canalha excomungado, o que vai fazer se não lhe obedecer? – Os olhos azuis haviam se tornados amarelos e, mesmo que seu corpo não estivesse na forma de animal, sua sede o consumia como uma vertigem. Nublando-lhe a razão.

O corpo do rapaz que ele largou ao chão, rastejando na direção do corpo da loura. Via cada traço azulado tornar-se nítido a seus sentidos, pulsando febrilmente. As presas arranhando-lhe os lábios inferiores e nem mesmo o chamado do alfa o deteve:

Aiden!

Os olhos do rapaz preso á imagem dantesca da fera que se alimentava da bela; o corpo do homem louro sobre a mulher, sorvendo-o ferozmente. A voz de Mary alcançando-o:

O que é isso?

O corpo do rapaz projetado para junto da fera e o braço que este ergueu, arremessando-o contra a mobília, derrubando o candelabro aceso sobre os tecidos da cama. O fogo iniciado, o grito agudo da morena quando viu o corpo do irmão ser envolto em labaredas.

Charles!

Os gritos do rapaz chamaram os empregados ao andar de cima, enquanto as chamas borravam a madeira, dissolvendo-a.

Ajude-a a descer – sugeriu Joseph à mulher ao seu lado, que gemia baixo. – Eu vou tentar chegar até o rapaz.

Ela o fitou, com os olhos castanhos cheios de lágrimas.

Tirem todos do prédio, entendeu?

A mulher assentiu entre cachos ruivos enquanto segurava a moça pelos braços e a empurrava para a escada, vendo o homem sumir através do fogo, que já tomara parte do corredor.

Leve-a daqui, Aiden! – vociferou para o louro que, com a mulher nos braços, pulou pela janela, alcançando o telhado próximo e sumindo por ele.

Pegou o corpo desmaiado do rapaz, chamuscado pelas chamas. Tinha de impedir que ele morresse. O mel dos seus olhos se tornou dourado.

Isso vai doer um pouco, mas você consegue se acostumar.

As presas na carne clara, o sangue molhando seus lábios aos poucos. Deixando a licantropia fluir de seu corpo para o dele. As tábuas de madeira estalavam por todos os lugares, o fogo consumia tudo em seu caminho e Joseph deixou a casa pelo mesmo caminho de Aiden: os telhados de Londres.

Uma Londres que aos poucos emergiu no fogo, o da luxúria.

***

Londres ardia no fogo da tragédia quando os olhos mel fitaram os azuis. Metade da cidade estalava sob os pés deles, o alvoroço era crescente e centenas de pessoas procuravam o cais. A água parecia o lugar mais seguro daquela ilha, que sucumbia à perdição. O mais velho se agachou entre as telhas e murmurou:

Satisfeito?

Acredite, eu não premeditei isso, Joseph.

Sabe quantos corpos há lá dentro, Aiden? – Evitou fitá-lo, passeando os dedos pelos cabelos castanhos, após voltar à posição ereta.

O rapaz refletiu por instantes e arriscou enfrentá-lo:

Se Charles não tivesse aparecido...

Ele se virou bruscamente para o jovem irresponsável, enquanto suas mãos fortes o tiravam do chão, sem perder o equilíbrio sobre o telhado.

Se você tivesse me dado ouvido e se afastado daquelas duas – corrigiu num rangido áspero e rasgado junto ao rosto do louro. – Não estaríamos criando mais problemas para nós, nem para essa cidade!

Soltou-o no chão, furioso.

Joseph, precisa acreditar em mim... – ele tentou se explicar, aturdido. – Nunca tive a intenção de transformar ninguém!

Você não deteve sua vontade, não controlou sua sede! – rebateu, seco.

Não gostava de brigar com Aiden. Em seus trezentos e cinquenta anos de vida, passara mais da metade deles com o rapaz, gostava dele como um filho. Mas mesmo os filhos devem sofrer reprimendas; mesmo eles devem ser ensinados. Ainda que se sentisse culpado por transformá-lo naquela besta, relevando muitos de seus caprichos, ele fora longe demais dessa vez.

Joseph...

Não podemos mais ficar em Londres – cortou-o frio, cruzando as telhas. – Se aquela criada der com a língua nos dentes, é o nosso fim. Infelizmente, você ainda não está apto a lidar com as consequências de seus atos.

Para onde vamos? – o louro indagou às costas dele, vencido.

Para um lugar bem longe daqui... – Deixou-o sozinho no telhado, em meio ao cheiro de queimado e nuvens escuras.

Há dois dias que o céu ardia sobre suas cabeças sem que o sol emprestasse seu brilho a uma manhã. Nem mesmo a chuva fina, que vez ou outra caía ao entardecer, exterminava os focos de fogo, que agora brotavam em cada esquina de Londres, ameaçando o Palácio Whitehall de destruição e sem que o Lorde Mayor da cidade tomasse providências imediatas.

Ele desceu para o sótão da construção de dois andares, numa rua já deserta da cidade. Passeando pelos poucos quartos, uns cinco no segundo andar, fixando os olhos azuis em cada corpo depositado ali. Alguns haviam sido asfixiados pela fumaça, tentando tirar familiares ou pertences de suas casas, mas todos, sem exceções, vinham das castas baixas da sociedade. Pobres ou miseráveis. Ainda não tinham ciência do que lhes sucedera, acordariam com fome, sede de sangue. Aiden respirou fundo e ouviu os passos ecoando na entrada antes mesmo da batida na porta principal soar.

Segundos até ele alcançar a porta e abri-la, revelando o homem moreno de olhos verdes que o fitou sorrindo.

Trouxe mais três... – era quase um deboche.

Seus olhos se mediam, enquanto o último entrava acompanhado da moça loura. Ela sorriu-lhe, estalando um beijo rápido nos lábios.

Bom dia, Aiden.

Ele não retribuiu, apenas acompanhou com os olhos, Charles e mais dois homens depositarem os corpos no sofá.

Isso termina aqui – determinou o moreno que acabara de entrar.

Charles sorriu.

Está abrindo mão de salvar a Londres que incendiou? – Encarou-o Charles.

Estou determinando que partiremos de Londres em breve, Charles – retrucou seco. – Algum problema com isso?

Muitos – respondeu o moreno. – Eu não vou deixar minha cidade. Não pedi para ser isso no que você me transformou!

A loura pôs as mãos sobre os ombros de Charles e sussurrou-lhe:

Acalme-se, meu bem.

Por que nos perguntou se o ajudaríamos a limpar esta sujeira? Por que quis ajudá-los, se vamos partir? – rebateu irritado. – Devíamos ter feito isso na primeira chance que tivemos... Mas você achou que conseguiria encobrir os erros de Aiden. Achou que limparia a sujeira dele antes que chegassem a nossa porta. Só que é muita sujeira até mesmo para você, não é?

Ora, seu idiota... – Aiden avançou até Charles. – Cale-se!

As mãos de Joseph, entretanto, o impediram de prosseguir.

Parem com isso. – Os olhos verdes e azuis se tingiram de dourado, enquanto seus traços se tornavam mais fortes. – Eu posso obrigá-lo a me seguir se eu quiser, Charles.

O moreno estufou o peito e sugeriu cínico:

Por mim, está bem. Tente...

Um grupo de homens e mulheres surgiu atrás de cada um, enquanto Joseph recuava:

Não há necessidade de derramamento de sangue. Somos iguais, Charles.

Não, Joseph – o moreno de olhos verdes rosnou. – Eu não vou sair de Londres. Não vou apagar da minha mente as cenas que vi.

Se você não fosse um jovem mimado e cheio de si, Londres estaria a salvo – reclamou Aiden. – É mais fácil culpar os outros pelos seus erros!

Olhe a sua volta, Charles. – Abriu os braços. – Você criou isso! É a sua sujeira que não está querendo deixar para trás! – engoliu em seco, antes de prosseguir. – Sabe que até admiro isso?

Charles avançou, mas Joseph se colocou entre eles.

Não quero lutar com você. Eu respeitarei sua escolha se honrar todas as regras que lhe ensinei.

Não pode concordar com isso, Joseph – retrucou Aiden às suas costas. – Sabe que ele não está pronto para ser líder de um grupo.

Nunca os obriguei a nada e não farei isso agora – ponderou o alfa. – Essa é minha última palavra.

Tem minha palavra de que seguiremos as regras – sentenciou Charles, seus olhos verdes brilhando.

Deixarei Londres nas primeiras horas do entardecer – dirigiu-se a todos que os cercavam. – Os que vierem comigo devem estar prontos para partir quando o céu eclipsar.

Houve um silêncio sombrio e ambos os grupos dispersaram, ficando na sala somente os dois alfas, Aiden e a loura.

Jane... – Seus olhos caíram sobre os dela, hesitantes. Estendeu sua mão em direção a ela. – Vem comigo?

O olhar dela sobre os dedos pálidos, erguidos no ar, se desviaram para o homem ao seu lado. Os lábios entreabertos sentenciaram:

Não posso, Aiden.

Os minutos que ele demorou em entender suas palavras. A mão espalmada no ar enquanto ela seguia Charles.

Venha, Aiden... – Joseph deu-lhe um tapinha nos ombros. – Há coisas que devemos fazer antes de partir.

Deixando os olhos azuis fitarem por mais alguns segundos na porta por onde Jane havia saído, virou-se para segui-lo.

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