— Jennifer? — ele perguntou sonolento, enquanto eu jogava minha bolsa no chão e vestia, às presas, meu vestido antes que ele abrisse os olhos.
— Raul, sai da minha cama agora.
— Eu voltei — Raul respondeu com a maior naturalidade e... cara de pau.
— Como assim, “voltou”? O que você quer dizer com isso?
— Voltei para casa, Jennifer — falou sem nenhum pingo de humildade. Com certeza, estava esperando uma recepção mais calorosa.
— Ai, meu Deus! Isso não pode estar acontecendo — falei para mim mesma enquanto andava pelo quarto, tentando aumentar ao máximo a distância entre nós.
— Olha, errei, eu sei. Mas estou arrependido. O meu lugar é aqui, com você — ele argumentou, cansado. Sua aparência estava deplorável: barba por fazer, os olhos vermelhos e os cabelos loiros, antes divinamente cuidados, agora desgrenhados e sem vida.
— Que direito você acha que tem para simplesmente aparecer aqui, depois de meses sumido, e agir como se nada tivesse acontecido? As coisas não são tão simples assim.
—