Acordei no escuro total, sem saber onde estava. Forcei os olhos e, aos poucos, as sombras tomaram forma: Júnior e Kate, juntos, espremidos numa poltrona; Suze, May e Liz, enroladas num sofá. Então percebi o cheiro forte de antisséptico e a luz fria entrando por baixo da porta. Hospital. Como diabos todos eles conseguiram entrar aqui?, pensei, antes que a escuridão me puxasse de volta.
Quando abri os olhos de novo, a cena era completamente diferente — e bizarra: Aurora trocava beijos escandalosos com um médico ao lado da minha cama.
Ai, meu Deus! Será que eu morri e isso é alguma espécie de sala de espera para o julgamento?
— Hum-hum! — pigarreei para avisar que estava viva. Senti uma dor no abdômen e, por reflexo, coloquei a mão no local do tiro.
— Minha querida, você acordou! — Aurora deslizou até mim e me deu um beijo na testa. Fui invadida por uma estranha sensação de gratidão.
— Olá, Jennifer! — disse o médico, ajeitando os óculos com um sorriso. — Sou o Dr. Humberto, o cirurgião