Capítulo 3
— Ethan, é isso que você quer também? — Perguntei, notando a marca de mordida fresca no pescoço de Victoria, visível quando ela ergueu o queixo.

Meu coração latejava em pontadas finas como agulhas — persistentes, cortantes.

Aquela ametista fora nosso símbolo de união.

Nos conhecemos em um leilão beneficente, ambos fascinados por aquela ametista curativa, avaliada em 60 milhões de reais.

Na noite em que Ethan me marcou, ele mesmo trançou um cordão e pendurou a pedra em meu pescoço, jurando-me eternidade.

Eu sabia que Victoria cobiçava a joia; implorara a Ethan inúmeras vezes, sempre em vão.

Desta vez, porém, ele desviou o olhar — hesitação e culpa turvando as pupilas.

— Talvez você devesse…

— Tudo bem.

Ri, amarga, arranquei a ametista da garganta e depositei-a na mão estendida de Victoria.

Enquanto ela prendia o colar, radiante, comentei:

— Ficou perfeita em você. Mas não esqueça de transferir os sessenta milhões para minha conta.

Saí com Lily, deixando Ethan imóvel, a nos encarar em choque.

De volta à mansão, Lily chorava sem cessar.

Engolindo meu próprio desespero, segurei suas mãozinhas.

— Lily, se a mamãe quisesse levar você embora, viria comigo? — Perguntei.

As lágrimas desceram com mais força.

— Mamãe, a gente não pode ficar?

— Lily, papai e vovó não nos querem aqui. Você quer chamá-lo de tio para sempre?

Cerrei os olhos, contive as próprias lágrimas. Egoisticamente, eu queria que ela fosse só minha, amor incondicional. Mas a realidade não permitia.

Lily apertava contra o peito a caixa de Lego — presente de aniversário do ano passado, dado por Ethan.

— Mamãe, posso ter mais um aniversário com papai… por favor?

Teimosa, recusava-se a mudar o modo de chamá-lo.

Abracei-a e consenti.

— Tudo bem.

12 de fevereiro era o aniversário de Lily.

Dois dias antes, lembrei Ethan de propósito, para que se preparasse.

Talvez fosse o último aniversário que a filha passaria com ele.

Eu queria realizar o desejo dela.

Na manhã da data, Lily vestiu um traje bonito e perguntou, nervosa:

— Mamãe, papai vai vir pra festa da Lily, né?

— Claro que vai.

Enquanto a tranquilizava, enviei uma mensagem a Ethan:

“Hoje é o aniversário da sua filha. Onde você está?”

A pergunta afundou como pedra em lago fundo, sem resposta.

Lily baixou a cabeça, segurando a fita da caixa do bolo.

— Papai não vem, né?

Após um silêncio, tentando consolar-se, murmurou:

— Tudo bem. O tio está ocupado. A gente não devia incomodar ele.

— Mamãe, vamos comer o bolo.

Foi a primeira vez que Lily chamou Ethan de “tio”.

Talvez começasse a aceitar que não era importante para o pai, mas o biquinho trêmulo e os olhos vermelhos traíam a tristeza.

Ver minha filha tentando ser forte incendiou algo dentro de mim.

A dor queimava peito e pulmões.

Abri o chat com Ethan:

“Está ocupado demais até pro aniversário da sua filha?”

“Você ama tanto assim Victoria que precisa estar ao lado dela a cada minuto?”

Meu dedo pairou sobre enviar, incapaz de pressionar.

Nesse instante, surgiu uma nova mensagem:

“Venha para a casa da alcateia.”
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