Clarice Martins
Não era correto pensar que eu era a pessoa envolvida na situação onde antes colocava todos os criminosos, só que de forma vergonhosa e não prazerosa, como estava sendo, ser pressionada e dominada.
Segundos depois, minhas peças haviam sumido, depois de rastros quentes de seu toque e lábios pela pele. O som de algo rasgando quase não foi ouvido por mim. Quando percebi, estava sendo preenchida de forma vagarosa, para me acostumar. “Oh! Isso é o paraíso!” O mais maravilhoso foi o som que ouvi de um grunhido próximo à minha orelha. Derreti como sorvete, recebendo ritmos mais acelerados, pegadas fortes com invertidas intensas. Para alguém silenciosa, eu estava me desconhecendo. Não conseguia manter os lábios cerrados ou os dentes apertando a carne da boca por muito tempo. Caso contrário, poderia me machucar sem perceber, por conta da intensidade do momento. “Nunca pensei que conheceria o deus do sexo.” Se eu recordasse de tudo que estava sentindo no dia seguinte, com toda certeza iria viciar naquele homem. Ou seja, ele seria um problema ‘enorme’. Conheci a cama minutos mais tarde. Por último, finalmente adentrei o banheiro, ainda com companhia. A nossa última sessão foi finalizada abaixo da água. Tive o privilégio de ver, no seu corpo, gotículas de água escorregando por todos os lugares. Seus cabelos pingavam como os meus. As minhas franjas mantiveram as gotas caindo por mais tempo. Novamente, seus dedos chegaram a ela; ele parecia ter gostado dos fios curtos. Aproveitei o momento, pois não sabia quanto tempo teria com aquele Adones. Admirei a tatuagem desenhada no seu ombro direito: uma linda estrela de quatro pontas grandes e centrais, mais quatro finas estavam por baixo em direções diferentes. Ângulos e círculos finos também tornavam o desenho perfeito. Parecia a estrela náutica. Mas tinha asas de anjo de cada lado. Mesmo com os demais detalhes envolvendo a estrela, não tornou a tatuagem menos atraente. — É linda. — murmurei fascinada. O rouco som de seu sorriso me fez fitá-lo. — Que bom que gostou. — Vai ficar gravada na minha memória. — pensei alto. Seus olhos azuis escureceram. Ele novamente avançou. Tive os lábios arrebatados novamente. Não houve mais conversa, foi apenas nós, até nos despedirmos com as palavras dele ecoando na minha mente: “Amanhã não serei uma lembrança para sua mente, apenas o seu corpo me recordará.”*****
Foi assim…
Minhas roupas cheiravam a um delicioso aroma de pinho e uva. Meu corpo tinha marcas rosadas, carregava incômodo em áreas remotas e delicadas, além de uma leve ressaca de esquecimento. — A primeira pessoa que fica bonita depois de ser atropelada por um trator sexy. Laura surgiu no meu quarto, onde teimava em segurar o vestido recém-seco que não abandonou o cheiro atraente do amante desconhecido e agora sem rosto. — Como ele era? — teimou em perguntar. Encarei Laura com um olhar de frustração. — Como vou saber? Tudo que lembro é que você me ofereceu uma bebida ‘especial’. — vi a minha amiga rir com pouca culpa. Não seria sincero, pensar nela se sentindo remorso era pura mentira. — Certo. Culpada! — se aproximou de mim. Tirando o vestido das minhas mãos, ela puxou o ar, então declarou, escondendo o vestido de mim: — Uau! Alto, extremamente forte e cheiroso. Gostei! — Pronto. Temos algo. — ironizei. Tudo que Laura havia visto foi a altura e o corpo, pois, segundo ela, me viu ser sequestrada por um deus grego, supondo por seu tamanho. Uma coisa eu lembrava: da estrela náutica. — Ele tinha uma tatuagem… — mencionei com ar sonhador. Deveria ter sido um homem incrível, ou a bebida era incrível, já que pulei de primeira em uma cama qualquer com ele por baixo ou por cima. Laura sentou ao meu lado, muito interessada. — Que tipo de tatuagem? — seus olhos negros brilhavam. — Eram números? Que números? — Não disse que eram números. — franzi o cenho. — Ele é da máfia? Às vezes os números representam a máfia. — Os criminosos de baixo ramo se representam assim. — resmunguei. — Como você sabe? — a encarei com cara de poucos amigos. — Verdade. Você é a policial aqui. Sou uma mera corretora. — não pude pensar mais, pois ela começou a viajar. — E se ele fosse mafioso? Então seria um romance entre a justiça e o crime? Minha nossa! — Lau! — chamei, incomodada. — Quê? — Não viaja! — me pus de pé. — Não estou viajando. Imagina só! — resmungou, mas logo sorriu novamente. — Você ainda deve estar bêbada. — acusei. — E você nem sabe quem ele é ou como se parece e não pensa em acreditar que ele pode ser um mafioso chefão? Tipo, sem dados, é impossível de investigar. Apertei os lábios, ela não estava errada. — O que seus superiores pensariam? — ela riu. — Eles nunca saberão. Eu não direi. Afinal, é apenas um pensamento bobo, da sua parte! — acusei de novo. — Ela está nervosa. — Laura riu. — Cale-se! Eu não estou. — me joguei em cima dela, mas para sua sorte ela rolou para longe. — Nem sonhe, senhorita amante de um mafioso. — correu em direção da porta. — Um mafioso não usaria uma estrela náutica. — aquele pensamento me acalmou, por isso me sentei de um pulo, feliz por minha descoberta. — E por quê não? Só marinheiros podem? — se escondeu atrás da porta. — Seria ironia demais. — estreitei os olhos na sua direção. — Conte com isso. — insistiu. — Pare! — me levantei. Ela fechou a porta entre risos. — Não fuja como uma criancinha, Lau! — gritei, sentindo a dor de cabeça me atingir. “Droga! Ela vai me deixar louca.” Caminhei de volta para o vestido. O encarando, pensei com relutância: “Mas quem é você de verdade?”