Capítulo 60
Ezequiel Costa Júnior
A música no Bela 2 estava baixa, mas constante.
Yulssef começou a servir os copos, com aquele sorriso escorregadio que agora me parece forçado demais. Os japoneses, tensos, aceitaram os brindes. Sentaram-se em nossos sofás, tentando parecer confiantes, mas o suor os entregava.
— A primeira rodada é por conta da casa — anunciei. — Em homenagem à ousadia de vocês, por se meterem num terreno que não compreendem.
Todos beberam. Eu bebi também, mas não a bebida deles, eu sabia o que tinha nela. Mauro foi bem específico: nada mortal, mas o suficiente para revirar estômagos e bagunçar sentidos.
Após a segunda rodada, dois já estavam avermelhados, tremendo as mãos. Um terceiro tentava esconder que a respiração acelerava.
Me aproximei do líder, o mais velho. Toquei o ombro dele, como um pai preocupado.
— Diga-me, Tomodachi, qual era exatamente a intenção da visita?
— S-só negócios... E-economia mútua... — ele murmurou, com a língua já