Capítulo 29
Mariana Bazzi
Já faz uma semana. Sete dias inteiros desde que Ezequiel acordou sem lembrar de mim. Sete longos dias em que seus olhos passavam por mim como se eu fosse apenas mais um vulto entre tantos. Como se tudo que conversamos antes do acidente tivesse se evaporado. Outras vezes, via o desejo nele, e ao me afastar o via sorrindo. E mesmo assim, quando mandou me chamar, fui. Mas continuo aqui, esperando que ele acorde com a cabeça de antes, que volte a ser o meu Ezequiel.
Empurrei a porta devagar, sentindo o peso da frustração se alojar no peito. O quarto tinha o mesmo cheiro forte de remédios, mas o maracujá ainda estava ali, intacto, em cima da cômoda. A fruta começava a enrugar, esquecida. Era irônico — ele havia me dado aquilo num dos dias mais estranhos e mais doces que tivemos. Agora... agora ele nem sabia o motivo daquilo estar ali.
Meus olhos se fixaram na fruta enquanto ele falava:
— Se aproxime — estava com a voz mais firme do que nos di