POV Amara
A maçaneta vibrou pela segunda vez.
O som seco da batida suave contra a madeira ecoou no quarto silencioso, e o meu coração…
me traiu.
Parei de respirar.
Nem um movimento.
Só o som dele, aquela voz rouca, contida, quebrando o silêncio como se pedisse perdão sem usar a palavra.
— Amara…
O nome saiu da boca dele como um sussurro cansado. E mesmo do outro lado da porta, eu senti. Senti o arrepio subindo pelo corpo, o sangue acelerando, o velho vício de querer correr até ele.
Mas eu não corri. Não dessa vez.
Apoiei a testa na parede fria, fechando os olhos. Minha garganta ardia. O peito doía. E o pior de tudo é que eu ainda sabia reconhecer cada tom da voz dele... o peso, o controle forçado, o jeito que ele dizia meu nome como se fosse uma prece ou uma maldição.
“Amara, abre a porta.”
Não.
Eu não podia.
Porque se eu abrisse, tudo o que construí nessas duas semanas ruiria num segundo.
A tranca entre nós era o único limite que me restava. A única forma de me lembrar que, por mais