POV Amara
A tarde veio preguiçosa, como se o sol tivesse decidido que também precisava de descanso.
Dominic saiu faz pouco. Disse que precisava resolver algumas pendências no escritório do prédio, “coisas da empresa nova”, ele chamou.
Desde então, a casa ficou em silêncio.
Silêncio de verdade. Daqueles que permitem que a gente ouça os próprios pensamentos… e às vezes, isso é o pior tipo de barulho.
Eu fiquei sozinha com minha xícara vazia, o cheiro de café ainda pairando no ar e a cabeça rodando entre lembranças, promessas e dúvidas.
Era estranho estar ali. Estranho e reconfortante ao mesmo tempo. O apartamento dele parecia feito pra paz. Cores neutras, madeira clara, janelas amplas com vista pra cidade.
Mas o que me chamava atenção eram os detalhes. Tudo tinha propósito. Nada era aleatório.
Os livros alinhados na estante não eram de enfeite, as páginas estavam marcadas, dobradas, usadas. A música que tocava baixinho, vinda de uma caixa de som no canto, era instrumental, suave