Capítulo 105 — Acho que ela precisava respirar, Killian.
POV Killian
A manhã chega lenta, como se o tempo tivesse piedade de mim.
A luz invade o quarto pelas frestas da cortina e, por um instante, eu me iludo achando que é a claridade da minha casa. Mas o cheiro me entrega.
Antisséptico. Frio. Metal.
Hospital.
Meu corpo parece ter sido atropelado por algo invisível.
A cabeça ainda lateja, uma dor surda, constante, que pulsa junto com o batimento cardíaco.
Não sei quanto tempo dormi. Só sei que acordei sem ela.
Pisco algumas vezes. O soro pinga devagar no tubo transparente. O bip do monitor me irrita. E o vazio no peito é quase físico.
O nome dela me atravessa antes mesmo do pensamento: Amara.
A lembrança do desmaio volta aos poucos, o quarto, Beatriz, o sangue escorrendo, o corpo falhando, a voz dela sendo a última coisa que ouvi.
E depois… escuridão.
Respiro fundo, mas o ar pesa.
Não tem som de passos.
Nenhum sinal de Sabrina, Leo ou Deus me livre, de Beatriz. Só o silêncio cortado pelo relógio marcando segundos