Gustavo falou com uma humildade que não convencia ninguém. Afinal, quem ali não sabia?Gustavo era um dos advogados mais renomados do país. Enquanto outros advogados cobravam por hora ou por caso, Gustavo cobrava por minuto. E não era qualquer um que podia contratá-lo; apenas pessoas influentes conseguiam que ele aceitasse um caso.Um profissional desse nível, agindo de forma tão modesta diante da sobrinha, era claro para todos que ele só estava brincando para agradar Diya. Ninguém ali ousava subestimá-lo por causa disso.Diya já havia recebido tantos presentes naquela noite que a emoção inicial começava a dar lugar a um leve torpor. Mas, ao ver o presente peculiar que seu tio caçula trouxe, sua curiosidade voltou à tona.Ela abriu o estojo com cuidado. Dentro, encontrou um tecido enrolado. Era uma pintura!Quando ela desenrolou a tela, um cenário outonal em tons de laranja e amarelo apareceu. As bétulas estavam secas e amarelecidas, mas flores silvestres desconhecidas floresciam com v
— Diya, você, minha menina, teve uma vida difícil. Por mais que eu e seus tios tentemos compensar, nunca poderemos substituir os seus pais. Na minha idade, não deveria mais me preocupar em dar presentes. Mas este é o seu primeiro aniversário na família Ribeiro, e como poderia eu deixar de te presentear?As palavras de Cessar eram carregadas de cuidado e emoção. Bastaram algumas frases para que os olhos de Diya começassem a marejar.— Vô, não precisava...Ela tentou argumentar, mas foi imediatamente interrompida por um gesto de silêncio que ele fez com a mão.— Não é nada demais. Só vou te dar algo simples, apenas como lembrança.Então, diante de todos os presentes, Cessar ergueu sua mão esquerda. Seus dedos magros exibiam um anel de jade verde que imediatamente capturou a atenção de todos no salão.Aquele anel não era um objeto qualquer. Ele havia sido conquistado por Cessar em sua batalha mais lendária, quando derrotou o antigo Rei das Apostas. Desde que entrou para a família Ribeiro,
Com as palavras de Cessar tão diretas e definitivas, Diya não teve mais como recusar.Depois do momento solene, a festa entrou em uma fase mais descontraída, onde os convidados aproveitavam para socializar. Era justamente essa a parte que Diya mais gostava. Ela não era fã de interações sociais formais, mas, considerando o esforço e carinho de seus tios, sabia que não poderia rejeitar.Agora com um pouco mais de liberdade, ela finalmente teve a chance de passar um tempo com Nelson, alguém que não via há tanto tempo. Especialmente porque a imagem de Nelson em uma cadeira de rodas não saía de sua cabeça. Só de pensar que seu irmão estava naquela condição, sem que ela soubesse, seu coração apertava de preocupação.Diya decidiu levar Nelson até o jardim dos fundos. Ela empurrou a cadeira de rodas enquanto conversavam, e assim que chegou ao balanço, sentou-se nele. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, percebeu que uma figura feminina esguia os seguira até ali.Diya, instintivamente,
Diya quis perguntar o que havia acontecido com aquelas pernas, mas temeu tocar em um assunto delicado e acabar deixando Nelson desconfortável. Enquanto ela hesitava, Maya de repente interrompeu seus pensamentos:— Srta. Diya, quem era aquele homem que estava ao seu lado agora há pouco? Ele é muito bonito! Será que você poderia me apresentar?Na festa de aniversário, apenas um homem permaneceu ao lado de Diya o tempo todo: Zeus.Quando Maya mencionou Zeus, seus olhos brilharam de entusiasmo. Ficava claro que ela estava interessada nele.Nelson franziu as sobrancelhas, como se tivesse pensado em algo, e logo advertiu:— Maya, você voltou ao país para se dedicar ao seu novo projeto de pesquisa. Não perca tempo com distrações inúteis.A relação entre Zeus e Diya estava em um momento delicado. Diya sabia que Nelson tinha repreendido sua aluna favorita principalmente porque temia que ela ficasse desconfortável.Mas... Diya já não se importava mais com isso.— Que conversa é essa, segundo irm
Zeus encarou a mulher à sua frente e franziu levemente as sobrancelhas:— Senhorita, você… me conhece?Com o status que Zeus tinha em Malanje, não era incomum que as mulheres soubessem quem ele era. No entanto, a maioria delas, ao vê-lo, ficava tímida e recuada.A mulher diante dele, porém, não apenas teve a ousadia de se aproximar, como também tocou em seu ombro sem qualquer hesitação.— Deixe-me me apresentar. Meu nome é Maya. Gostaria de conhecê-lo melhor.Maya falou com sutileza, mas suas ações estavam longe de serem discretas. Ela estendeu a mão diretamente para Zeus, ignorando qualquer formalidade.O olhar de Maya sobre Zeus era descarado, como se ele fosse um pedaço de carne servido em seu prato, esperando para ser devorado.Essa sensação incomodou profundamente Zeus.Zeus conviveu com inúmeras mulheres ao longo dos anos, mas era a primeira vez que se via tratado como uma presa.Ao contrário do que Maya poderia imaginar, esse tipo de comportamento não despertava o interesse de Z
— Eu e Diya ainda temos coisas para conversar. Dispenso sua companhia!Zeus apertou o pulso de Diya com força e a arrastou para fora do jardim sem lhe dar chance de resistência.Ao chegarem no quarto de Diya, Zeus bateu a porta com violência. Seus olhos escureceram ao encarar o vestido de gala que ela usava. Sua expressão se tornou assustadoramente sombria.Ele apontou para o diamante azul incrustado no tecido e, com a voz carregada de irritação, soltou um aviso frio:— Fale logo. Você vai tirar esse vestido sozinha ou precisa que eu faça isso por você?As palavras de Zeus despertaram memórias desagradáveis em Diya. Lembrando-se da brutalidade dele no passado, ela instintivamente segurou o vestido com força, como se sua vida dependesse disso.— A festa ainda não terminou. Daqui a pouco, eu preciso agradecer pessoalmente aos convidados. Você, seu animal, é melhor parar com essas ideias nojentas!Diya realmente acreditava que os avisos dos tios durante o evento teriam feito Zeus se conte
Diya sentiu-se completamente sem paciência. Ela lançou um olhar furioso para Zeus.— E daí se eu estiver usando uma roupa que outra pessoa me deu? Para começo de conversa, quem me deu esse vestido foi o seu irmão! Zeus, vamos esclarecer uma coisa de uma vez por todas: nós estamos prestes a nos divorciar. Então, por favor, comece a se acostumar com o papel de ex-marido e pare de se meter na minha vida!Zeus era realmente um homem estranho.No passado, quando Diya fazia de tudo para conquistá-lo, ele a desprezava. Agora que ela só queria se livrar dele o mais rápido possível, ele se recusava a soltá-la. Agora, ele queria controlar até as roupas que ela usava? Isso só podia ser algum tipo de transtorno.Zeus estava de pé ao lado da cama, mas, ao ouvir as palavras de Diya, ele deu um passo firme à frente, subindo no colchão sem hesitar.Ele se aproximou dela, que ainda estava vestindo os restos do vestido rasgado, e segurou seu queixo com força. Seu olhar frio e ameaçador a prendeu no luga
O carinho que Diya sentia por Nelson não tinha nada a ver com amor romântico. Ela se entristecia por Nelson ter sido forçado a abandonar uma carreira brilhante para se tornar professor no exterior.Ela sentia dor ao pensar no motivo desconhecido que o levou a perder as pernas e acabar numa cadeira de rodas.Mas o que mais a revoltava era o fato de que, apenas por ter uma boa relação com ela, sua própria cunhada, Nelson era alvo de difamação pelo próprio irmão, Zeus!Como um homem tão íntegro e nobre como Nelson podia ter um irmão tão desprezível?A sensação de algo afiado e cruel perfurando seu peito tomou conta de Zeus.A dor foi tão intensa que ele mal conseguiu falar. Ele não conseguia entender.O que Nelson tinha de tão especial? Se ele e Nelson tinham o mesmo rosto, por que Diya escolhia sempre o irmão e nunca a ele?A raiva cresceu dentro de Zeus, queimando como fogo.O instinto dele era destruir algo, esmagar qualquer coisa ao alcance das mãos.Ele queria dominar Diya pela força