— Que bom. — Karina soltou um suspiro de alívio, finalmente relaxando depois de dias com o coração apertado.— Ah, antes que eu me esqueça... — Dra. Coelho, enquanto batia levemente com a caneta no manual da gestante, falou de maneira descontraída. — Você já está com seis meses de gestação, a partir de agora entrará no terceiro trimestre. Já pensou em descansar mais?Descansar? Karina ficou surpresa, nunca havia considerado isso.Dra. Coelho continuou, como se conversasse casualmente:— Pense bem, a família Barbosa não depende de você para ganhar dinheiro, e o final da gestação é bem cansativo.Ela olhou discretamente para a barriga de Karina:— O bebê vai crescer rápido, a barriga vai aumentar, o que pode dificultar seus movimentos, além do inchaço e outros desconfortos. Não seria melhor descansar em casa?— Não, obrigada. — Karina ainda balançou a cabeça.— Tem algum motivo específico para não querer? — Dra. Coelho sorriu suavemente. — Com o Sr. Ademir por perto, tenho certeza de que
Karina apertou silenciosamente a palma das mãos.Ademir não havia dito uma mentira: tanto os maus quanto os bons, a vida das pessoas eram iguais...Salvar Lucas ou perdoá-lo não eram a mesma coisa.Deveriam salvar?...Sem ver Ademir, a colaboração com o Grupo Barbosa estava prestes a terminar no final deste mês.Nos últimos dias, Túlio andava apressado, ocupado demais.No entanto, os problemas não se resumiam a isso.Ontem, a Corporação EDP enviou uma mensagem, informando que, após a parceria deste trimestre, não pretendiam renovar o contrato com a Corporação de Tecnologia Hutchinson.Túlio, acompanhado de colegas, foi se reunir com o chefe da Corporação EDP, mas não conseguiu salvar o acordo.Depois de correr para lá e para cá o dia todo, só retornou à Mansão Silver Beach na madrugada.Tomou um banho, tomou os remédios e se deitou, sentindo que mal havia fechado os olhos quando a campainha tocou.Ao abrir a porta, encontrou Júlia.Ela estava com várias sacolas e disse:— Túlio, sua m
— Se fosse por causa da Karina, então, desde o começo, ele não teria escolhido colaborar com a Corporação de Tecnologia Hutchinson. — Isso não é bem assim! — Retrucou o colega. — Você não percebe? O primeiro a romper com a gente foi justamente o Sr. Ademir! E mais, só o Sr. Ademir tem essa capacidade! Túlio ficou em silêncio. A argumentação parecia muito plausível. — Mas eu acho que o Sr. Ademir não é esse tipo de pessoa... De repente, um estrondo vindo de trás fez Túlio se virar instintivamente. Era Júlia, que acabava de derrubar uma marmita. Felizmente, a tampa estava bem apertada e nada se espalhou pelo chão. No entanto, Túlio percebeu que a expressão de sua mãe estava estranha, algo entre o medo e a aflição. — Vou desligar. Ela então encerrou a ligação e Túlio foi até a cozinha para ajudar a mãe a recolher os pedaços da marmita. Antes mesmo de ele perguntar, Júlia não pôde se segurar: — Túlio, o que você estava dizendo sobre o Sr. Ademir no telefone? Túlio fra
Durante o horário de expediente, não era possível entrar nos quartos dos pacientes.Túlio caminhou por um tempo em frente ao prédio de cirurgia, antes de decidir seguir para o pronto-socorro. Ele pensava que, com sorte, Karina poderia estar de plantão no setor de emergência naquele dia.Primeiro, ele foi ao pronto-socorro, mas não a encontrou lá.Depois, se dirigiu à clínica ambulatorial. E, como um sinal de sorte, lá estava ela, Karina.Quando a enfermeira chamou o próximo paciente, a porta se abriu, e Túlio pôde vê-la sentada, perguntando com atenção sobre os sintomas dos pacientes. Às vezes, ela estava em pé ao lado da maca, fazendo um exame físico.Karina estava tão concentrada e dedicada, parecia estar com boa disposição, sem mostrar sinais de preocupação. Tudo parecia bem.Túlio pensou consigo mesmo: "Será que a raiva do Ademir é só contra mim e não afetou a Karina?" Se fosse assim, Ademir ainda poderia ser considerado um homem.Mas, mesmo assim, Túlio não ousou ir embora sem t
— Foi por causa de vocês que o Ademir quis a Karina, mas agora não a quer mais! Túlio ficou rígido, como se o chão sob seus pés tivesse sumido. Então, era ele quem havia causado o sofrimento de Karina. Agora que sabia disso, Túlio não podia simplesmente ignorar a situação. Ele precisava encontrar Ademir e explicar tudo. O que fazer? Ir até o Grupo Barbosa? Mas Ademir certamente não o receberia ali. Então, o único jeito era esperar. Na manhã seguinte, assim que o dia começou a clarear, Túlio se dirigiu ao Grupo Barbosa. No entanto, até as dez horas da manhã, ainda não havia encontrado Ademir. Será que Ademir havia passado a noite no escritório? Túlio perguntou à recepção, que, pensando que ele estava lá para questões de trabalho, respondeu diretamente: — O senhor não vai encontrar o Sr. Ademir, ele não veio trabalhar hoje. Não veio trabalhar? — Então, para onde ele foi? — Desculpe. — A recepcionista sorriu e balançou a cabeça. — Não podemos revelar essas inform
— Segundo irmão! — Sr. Ademir! Neste momento, Júlio e o chefe da Corporação EDP finalmente chegaram. Ao verem aquela cena, se assustaram primeiro, mas logo correram para frente. Cada um agarrou um dos envolvidos e os separou.— Solta! — Ademir estava com os olhos injetados de raiva, sem se importar com mais nada. — Hoje, eu vou matar ele! Túlio também estava fora de si: — Venha! Se você não me matar hoje, eu vou te desprezar! O chefe da Corporação EDP segurou Túlio: — Sr. Martins, por favor, pare de falar. Olha o estado em que você está! — Júlio, me solte! — Segundo irmão... — Júlio sorriu amargamente, balançando a cabeça. Naturalmente, não poderia soltar. Tinha medo que Ademir não controlasse a força e machucasse alguém de verdade. — Vou chamar a segurança e fazer ele ser levado, tudo bem? — Não! — Não precisa! Ambos gritaram ao mesmo tempo, parecendo dois cães raivosos... Ou melhor, cães completamente fora de controle.O chefe da Corporação EDP e Júlio ficaram s
Karina, usando máscara e luvas, saiu para receber os pacientes. — O que aconteceu? — Foi ferido no peito por um chifre de boi! — Mas isso é no abdômen! Karina acenou com a cabeça e disse: — Leve ele para dentro, avise a enfermeira para liberar a passagem e informe ao centro cirúrgico para preparar a mesa de operação. Eu vou coletar o sangue, e assim que os resultados saírem, avise o banco de sangue para preparar a transfusão! — Certo! Embora Karina estivesse com a barriga já bem grande, ela não demonstrava fraqueza alguma. Suas ações eram rápidas e precisas, sem nada que a diferenciasse de qualquer outra pessoa em boas condições físicas. Quando Ademir chegou, viu apenas Karina se virando e entrando pela porta dos fundos da emergência, que se fechou rapidamente atrás dela. O momento de chegada de Ademir foi, ao mesmo tempo, uma sorte e uma infelicidade. Ele só pôde se sentar no banco da sala de espera e aguardar por Karina. Não demorou muito até ela sair novamente.
Já não havia mais o choque inicial; Karina foi lentamente se acalmando. Ela não respondeu de imediato, mas sorriu e perguntou ao Ademir: — Por que está me perguntando isso? Vendo a reação de Karina, Ademir já estava praticamente convencido de que ela realmente havia sido injustiçada. Depois de terem sido casados, Ademir ainda a entendia, pelo menos um pouco. Só não sabia se deveria ficar aliviado ou triste. Ademir a observava com atenção: — Eu só quero saber a verdade. O quê? Karina sentia um sorriso querendo escapar, e logo não conseguiu mais segurar. Ela riu, uma risada leve, mas cheia de significado. — Karina. — Ademir franziu a testa, tentando controlar o desconforto. — Desculpe. — Karina fez um esforço visível para controlar a risada e, com um tom incisivo, mudou de assunto. — A situação já está bem clara, Sr. Ademir. O que exatamente você quer fazer? Quer saber a verdade? Mas você já tem a resposta, não tem? — Eu sei. — Ademir franziu ainda mais o cenho,