— Vovô. — Ademir cerrou os dentes, mas os olhos já estavam marejados.
— Me diga, o que você decidiu?
Ademir mantinha a cabeça baixa, sem dizer uma palavra.
Otávio, com toda a sua sabedoria, já havia compreendido.
— Ademir, está com pena do seu avô, não é? Não tem coragem de ver este velho continuar sofrendo assim.
Para ele, neste momento, continuar vivo já não era uma bênção.
— Vovô... — Ademir ergueu a mão, cobrindo os olhos.
Era cruel demais pedir que ele mesmo tomasse a decisão de abrir mão do único parente que lhe restava no mundo.
— Está tudo bem. — Otávio acenou com a mão, sorrindo com leveza. — O vovô está mesmo cansado. E você já cresceu. Eu acredito que, mesmo sem mim, vai conseguir enfrentar tudo sozinho.
— Vovô. — Os joelhos de Ademir cederam, e ele se ajoelhou ao lado da cama, encostando a testa na borda do colchão.
— Bom menino... — Otávio ergueu a mão e a pousou com ternura na nuca dele. — De agora em diante, vamos fazer do seu jeito. Você vem me ver mais vezes, e eu tamb