Ficaram muito próximos, Antônio ouvia sua pergunta, sentia seu cheiro, sua garganta se movendo.
- Ah.
A voz de Antônio foi rouca.
Nesses últimos tempos, ele ocasionalmente sonhava com o passado com Francisca, inevitavelmente, havia intimidade envolvida.
- Ainda não acredita em mim? - Perguntou Antônio, olhando para ela. Era impossível mentir, então ela balançou a cabeça.
- Não, só acho que você é incrível. Mesmo sem enxergar, consegue tocar piano e me ajudar a corrigir as partituras.
Antônio percebeu a melancolia em suas palavras e, provavelmente, compreendeu por que ela estava tão desanimada quando ele chegou, emanando tristeza por todos os poros.
- Porque eu preciso ser excepcional. - Disse ele lentamente.
Francisca ficou perplexa.
Antônio continuou:
- Tenho sonhado ultimamente com a minha infância, sendo educado desde pequeno, com a ideia de que serei o próximo a governar a Família de Pareira. Tive que crescer assim.
Ele fez uma pausa e, olhando para Francisca, disse:
- E agora, se