Lúcia, longe do solo que era Sílvio, murcharia rapidamente. A forma mais simples e eficaz de preservar uma flor é não cortá-la, não separá-la de seu caule.
No quarto do hospital, Basílio falava muito. Mas Sílvio, como de costume, permanecia em silêncio, sem dar qualquer sinal de que se importava. Sua expressão fria e apática começava a irritar Basílio.
— Você é homem ou não é? — Disparou Basílio, incapaz de se conter. — Lúcia chora por você, sofre por você, e você não acha que deveria fazer alguma coisa?
Fazer alguma coisa. Um homem à beira da morte, o que ainda poderia fazer? Sílvio esboçou um sorriso frio, quase zombeteiro:
— Acho que as coisas estão boas do jeito que estão.
— Sílvio, ouvi dizer que você está procurando um doador de medula. — Basílio se aproximou, o olhar fixo no homem que parecia cada vez mais distante da vida. — Você não tem muito tempo, não é? Se está fazendo isso só para não ser um peso para Lúcia, preciso te dizer: você está sendo arrogante demais. Como pode ter