A atuação de Sílvio era digna de um prêmio. Ele transitava com facilidade entre o papel de um homem frio e implacável e o de alguém injustiçado e vulnerável.
Lúcia deixou escapar um sorriso irônico, curvando os lábios com desdém:
— Sílvio, para de jogar com os sentimentos dos outros. Olhando para você agora, só consigo pensar que isso é pura retribuição.
— Amor, todo mundo erra. Você não vai nem me dar a chance de corrigir os meus erros? — Sílvio respondeu, com aquele tom suplicante que sabia usar tão bem. — Eu sou um doente, preciso que você me acompanhe ao hospital. — Enquanto falava, ele segurou os braços dela, como se buscasse apoio.
Lúcia se desvencilhou bruscamente:
— Pode esquecer, eu não vou.
— Então eu também não vou.
— Sílvio, dá para parar com essa infantilidade? Você tem leucemia e ainda se recusa a ir ao hospital? — Ela já estava perdendo a paciência com ele.
Ele, por outro lado, parecia completamente tranquilo:
— É que não faz sentido ir. Você não se importa comigo. Qual